quinta-feira, novembro 27, 2025

Augusto Lima disse ao Cade ser mero minoritário do Master – 20/11/2025 – Painel S.A.

Augusto Ferreira Lima, ex-sócio de Daniel Vorcaro no Banco Master, disse ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em agosto, no âmbito de sua compra do controle do banco Voiter —que depois passou a se chamar Pleno—, que ele era um “mero acionista minoritário” do Master, “sem quaisquer direitos de veto ou indicação de diretores”. Afirmou também que não participava de qualquer acordo de acionistas.

O banco Voiter fazia parte do Master. Após deixar o grupo de Vorcaro em maio, Augusto Lima comprou 100% do capital social do Voiter. A operação precisou passar por aprovação do Banco Central e do Cade.

No processo de dar o aval ao negócio, o órgão antitruste enviou um questionário ao ex-sócio de Vorcaro para entender se havia alguma concentração de mercado com a transação. A declaração de que tinha participação no Master apenas como minoritário foi dada em resposta ao questionamento sobre quais os direitos detidos por Lima no banco no momento da venda de sua fatia para Vorcaro.

Além de dizer que tinha os mesmos direitos de um minoritário, Lima também afirmou no questionário que a venda de sua participação acionária no Master não possuía qualquer relação com a compra de 100% do banco Voiter.

As declarações sobre seu poder no Master contrastam com a decisão da Justiça que permitiu a prisão do empresário.

Conforme a Folha revelou, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, disse em sua sentença que Daniel Vorcaro, dono do Master, “juntamente com Augusto Lima eram os responsáveis pelas decisões da instituição e pelas relações públicas do banco, sendo os principais interlocutores com o BRB”, na época em que o banco negociava a venda de 58% de suas ações à estatal de Brasília. A transação acabou sendo negada pelo Banco Central.

Consultados, os advogados Pedro Ivo Velloso e Sebástian Borges de Albuquerque Mello, que representam o ex-sócio de Vorcaro, disseram ao Painel S.A. que “todos os atos de Augusto Lima no banco Master e sua respectiva saída foram autorizados pelo Banco Central e demais autoridades competentes”. Eles não quiseram responder, no entanto, qual era o tamanho da participação de Lima no banco de Vorcaro.

Disseram ainda que a compra do Voiter também foi aprovada pelo BC, “o que demonstra sua competência legal e capacidade financeira de atuar na instituição.”

Sobre a prisão de Augusto Lima, os advogados disseram que as supostas operações fraudulentas que estão sendo investigadas pela Polícia Federal são posteriores à sua saída do Master “e, portanto, não

guardam qualquer relação com sua atuação profissional ou com decisões tomadas

durante sua permanência na instituição.”

O Painel S.A. revelou, no entanto, que operações do Master envolvendo fundos de pensão de estados e municípios estão na mira da PF há mais de dois anos. Após a prisão de Vorcaro e Lima, investigadores agora irão analisar potenciais comissões pagas pelo banco com o objetivo de expandir carteiras falsas de crédito consignado para servidores públicos.

A Folha apurou que os créditos inventados teriam nascido na Bahia pelas mãos do empresário baiano Augusto Lima. Posteriormente, esse esquema teria sido ampliado para outros estados.

Os investigadores suspeitam que assessores de entes públicos e até mesmo governadores receberam comissões elevadas para expandir a criação de falsos créditos consignados, um esquema que teria ajudado a agigantar a atuação do Master.

Desde que Vorcaro comprou o controle do antigo Banco Máxima, que depois passou a se chamar Master, em 2019, a expansão do crédito consignado passou a ser uma missão, conforme consta na demonstração financeira da instituição de 2019.

Pouco depois disso, a carteira de consignado do banco explodiu. Em 2022, os empréstimos triplicaram, somando R$ 2,2 bilhões, numa alta de quase 200%.

No ano passado, porém, a demonstração financeira do banco mostra que houve um desmonte considerável dessa posição, com queda de 64% dos empréstimos após a transferência de parte dessa carteira a um comprador que não foi revelado pelo banco no balanço.

Investigadores que atuam na Operação Compliance Zero, que resultou na prisão de Vorcaro e Lima, suspeitam que o Master tenha usado o negócio com o BRB para esconder a fabricação de carteiras falsas de crédito consignado. As carteiras teriam sido compradas pelo Banco de Brasília em dezembro do ano passado.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Autor Original

Destaques da Semana

Temas

Artigos Relacionados

Categorias mais Procuradas

spot_imgspot_img