O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou nesta quinta-feira (27) que se reserva o direito de responder aos planos japoneses de implantar mísseis em uma ilha próxima à costa de Taiwan —território reivindicado pela China, uma aliada de Moscou.
“O Japão, novamente sob a influência de Washington, está consistentemente transformando essas terras em uma área de operações, abastecendo-as com armas que possuem potencial não apenas defensivo, mas também ofensivo”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo Maria Zakharova.
“Reservamo-nos o direito de responder com firmeza à implementação dos planos específicos do Japão nesta área”, continuou ela, de acordo com a agência de notícias estatal Tass.
A afirmação é uma resposta a declarações do ministro da Defesa do Japão, Shinjiro Koizumi, no último domingo (23). De acordo com o político, os planos de Tóquio para implantar uma unidade de mísseis de médio alcance em uma base militar na cidade de Yonaguni estavam “avançando firmemente”.
A ilha, localizada no arquipélago de Okinawa, é o ponto mais a oeste do Japão —apenas 110 km o separam da costa leste de Taiwan. Os planos foram vistos por Pequim como uma tentativa deliberada de “criar tensão regional e provocar confronto militar”, segundo afirmou a porta-voz da chancelaria chinesa Mao Ning, em uma entrevista coletiva no dia seguinte.
“Forças de direita no Japão estão (…) levando o Japão e a região ao desastre”, disse ela. “A medida é extremamente perigosa e deve levantar sérias preocupações entre os países vizinhos e a comunidade internacional”, continuou Mao, acrescentando que Pequim “está determinada e é capaz de salvaguardar sua soberania territorial nacional”.
A disputa se dá em um momento de tensão diplomática na Ásia. Há três semanas, a primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, abriu uma das maiores crises na região em anos ao dizer ao seu Parlamento que uma operação armada chinesa contra Taiwan que ameaçasse Tóquio poderia justificar o envio de tropas para auxiliar a ilha.
Após a declaração, reiterada por ela na semana passada, a China exigiu repetidamente a retratação de Tóquio, convocou o embaixador japonês, proibiu a importação de frutos do mar do arquipélago e aconselhou seus cidadãos a não viajarem para o país —o que já impactou o turismo.
O Japão, por sua vez, recomendou que seus cidadãos em território chinês tomassem precauções extras de segurança e evitassem aglomerações.
A tensão fez o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedir a Takiachi que não escalasse ainda mais a disputa com a China, segundo pessoas do governo japonês com conhecimento do assunto que falaram com a agência de notícias Reuters. Enfrentando queda de popularidade em casa, o republicano tenta preservar uma frágil trégua na guerra comercial com Pequim.
O pedido teria ocorrido em uma conversa telefônica na terça-feira (25). Trump, no entanto, não fez exigências específicas a Takaichi, disse um dos funcionários, sugerindo que ele não ecoou o pedido de Pequim por uma retratação.





