As montadoras enfrentaram um revés no esforço para suavizar a iminente proibição da UE (União Europeia) de vendas de novos veículos a combustão, com a possibilidade de adiamento de uma reunião prevista para dezembro.
Segundo pessoas a par do assunto, representantes do setor esperavam receber convites para ir a Bruxelas discutir regras mais flexíveis antes do anúncio da UE em 10 de dezembro, mas foram alertados de que pode haver um atraso.
O presidente da Stellantis, John Elkann, disse na terça-feira (25) que, embora a empresa continue perseguindo um futuro elétrico, o mercado ainda não está pronto para ser exclusivamente elétrico —uma visão compartilhada por vários outros executivos do setor. Eles dependem de uma definição rápida da UE sobre a proibição de 2035 para planejar investimentos que envolvem bilhões de euros.
A revisão das regras foi antecipada de 2026 para 2025 devido à transição para carros elétricos mais lenta que o esperado, mas pode ficar para janeiro, disseram representantes do setor, sob condição de anonimato por se tratar de discussões privadas. O atraso ocorre porque as posições de Alemanha e França sobre como ajustar o plano continuam distantes demais, segundo essas pessoas. Ainda assim, afirmam, é possível que a UE alcance um acordo de última hora.
“Os preparativos para o Pacote Automotivo, incluindo a revisão dos padrões de CO2 para carros e vans, estão em andamento. Como já dissemos, aceleramos esse trabalho e estamos agora avaliando as contribuições recebidas na consulta pública”, disse a porta-voz da Comissão Europeia, Anna-Kaisa Itkonen. “Estamos comprometidos a finalizar essa revisão o mais rápido possível.”
A indústria vem pedindo diretrizes mais brandas, alegando que as atuais —destinadas a reduzir drasticamente as emissões— são ambiciosas demais e ameaçam empregos. Executivos têm alertado que os consumidores, desestimulados pela infraestrutura insuficiente de recarga, continuam optando por modelos a combustão. As vendas de novos híbridos plug-in saltaram 40% na Europa em outubro, tornando-se o tipo de motorização que mais cresce.
Fabricantes como Volkswagen, Renault e Stellantis precisam de clareza para atualizar estratégias. A Porsche já recuou da ofensiva ambiciosa em veículos elétricos diante da demanda enfraquecida por modelos a bateria, incluindo o Taycan —um modelo caro que também afetou a controladora Volkswagen. Ford e Volvo fizeram movimentos semelhantes.
O cenário político em transformação na Europa acrescenta mais complexidade. O Parlamento fragmentado da França reduziu a margem de manobra do presidente Emmanuel Macron, dificultando sua capacidade de acomodar a pressão da Alemanha para suavizar a proibição dos motores a combustão. Qualquer recuo em compromissos de clima arrisca alienar parlamentares de esquerda e verdes, cujo apoio ele precisa para aprovar leis.
O impasse evidencia os desafios da UE em administrar metas ambientais durante a turbulência enfrentanda pela indústria automotiva. Montadoras chinesas lideradas pela BYD estão ampliando presença na Europa, intensificando a concorrência.
Ao mesmo tempo, altos custos de energia e mão de obra na região obrigam fabricantes a cortar empregos e deslocar investimentos. No mês passado, a Stellantis prometeu investir US$ 13 bilhões nos EUA ao longo dos próximos quatro anos.





