A FAB (Força Aérea Brasileira) realizou com sucesso o primeiro lançamento de um míssil pelo seu novo caça, o sueco Saab Gripen. Foi disparado na quinta-feira (27) um modelo europeu Meteor, de custo estimado em R$ 12,4 milhões, contra um drone perto da costa do Rio Grande do Norte.
Agora, a FAB irá fazer um teste semelhante com o canhão alemão de 27 mm do Gripen em teste no mar próximo ao Rio. Com isso e o fim da campanha dos testes de reabastecimento em voo pelos Embraer KC-390 da Força, no começo deste mês, o avião finalizará sua certificação para entrar em combate real em 2026.
O lançamento foi o ponto alto do exercício BVR-X, iniciado no dia 17 em Natal. O ensaio tira sua sigla da característica do Meteor: além do campo visual, na sigla inglesa, enquanto o X indica experimental. Antes, o míssil só havia sido testado com o Gripen na Suécia.
O piloto o dispara a uma distância que pode variar de 100 km a 200 km de seu alvo, podendo ou não atualizar sua rota via conexão digital no caminho, deixando escasso tempo de reação para o adversário.
No caso, foi empregado um drone da fabricante italiana Leonardo, o Mirach 100/5, que simulou manobras como um pequeno caça subsônico. Não foram divulgados detalhes operacionais do teste, como a distância entre o caça e o alvo.
“O lançamento foi o cenário perfeito para verificar e testar como o binômio Gripen e Meteor são eficientes na guerra aérea moderna e contra qualquer tipo de vetor”, disse ao site da FAB o comandante da Base Aérea de Natal, brigadeiro Breno Diogenes Gonçalves.
O Meteor é o mais avançado modelo do tipo no mercado, de uma geração mais recente do que os modelos do tipo na América Latina, o AIM-120C americano usado pelo Chile e o R-77 russo, operado por Peru e Venezuela. O Brasil não tinha nada parecido.
O Gripen pode levar até sete desse mísseis, que empregam uma fase de propulsão com combustível seguida pelo uso de um motor do tipo ramjet, que se alimenta do ar à frente para gerar velocidades até quatro vezes acima das do som (4.900 km/h).
Segundo a tabela anual de transferências de armas do Sipri (Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo), a compra da FAB foi de € 200 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão hoje) para um total de cem unidades. Isso está em linha com o preço citado no mercado para o Meteor, que pode chegar a € 2,4 milhões a peça (R$ 14,9 milhões).
A Força não revela nem custo, nem quantidades. A compra da arma faz parte do pacote geral do Gripen, que já tem 11 dos 36 aviões encomendados em 2014 no Brasil. Há desembolsos anuais bilionários para o programa, que conta com financiamento de 25 anos do governo sueco, mas ele está atrasado.
Pelo cronograma inicial, os caças deveriam estar todos entregues no ano passado, inclusive os 15 previstos para serem produzidos na linha da Embraer em Gavião Peixoto (SP). A previsão atual é de entrega final em 2032, e o primeiro caça feito no Brasil deve ser apresentado até o fim do ano.
Com isso, a FAB negocia a possibilidade de comprar um lote de até 12 Gripen da geração anterior, a C/D, em operação na Suécia. A ideia é tapar buraco na frota, particularmente devido ao fim da vida útil dos aviões de ataque a solo AMX, baseados em Santa Maria (RS), que deve ocorrer em breve.
O problema é que o Gripen está em alta demanda, sendo desejado pela Ucrânia em guerra. Além disso, Estocolmo não quer desguarnecer excessivamente seu espaço aéreo em tempos de alta tensão com a Rússia de Vladimir Putin.
O modelo comprado pelo Brasil, da geração E (um piloto)/F (dois ocupantes), também foi encomendado pela Suécia, Tailândia e Colômbia —cujos aviões serão produzidos na linha brasileira, que é operada em conjunto pela Saab e pela Embraer. O Peru também poderá escolher a aeronave, mas a crise política perene no país está postergando a decisão.
A FAB não informou se fará teste com o outro míssil operado pelo Gripen brasileiro, o teuto-italiano Iris-T. Ele é um modelo moderno de curto alcance, cerca de 25 km, guiado por sensor infravermelho que busca a assinatura de calor do alvo, como os gases de seu motor.
Não há detalhes de quantos foram comprados e a qual preço, mas seu valor de prateleira é estimado em € 380 mil (R$ 2,3 milhões) a unidade.





