A regra em relação ao patrimônio ferroviário no país historicamente é a do desmonte, seja em relação às locomotivas, aos vagões ou às antigas estações para embarque e desembarque de passageiros e cargas. Mas há exceções.
Depois de passar anos fechada e sofrer furtos de peças, abrigar usuários de drogas e conviver com mato alto, o complexo ferroviário de Uchôa, na região de São José do Rio Preto, foi recuperado há cerca de 15 anos para abrigar órgãos públicos e hoje representa um legado da Estrada de Ferro Araraquara.
A Araraquarense, como era chamada, foi uma das companhias ferroviárias de São Paulo que originaram em 1971 a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), ao lado da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, da Estrada de Ferro Sorocabana e da Estrada de Ferro São Paulo-Minas. Sua rota alcançou 400 quilômetros de extensão entre o noroeste paulista e a divisa com Mato Grosso do Sul.
Inaugurada em 1911, a estação local completou 114 anos no último dia 20, e ainda possui os trilhos —porém sem embarque ou desembarque de cargas no município.
Recebeu passageiros da já extinta Ferroban até 2001, último ano em que essa modalidade de transporte existiu no interior paulista. Abandonada por alguns anos, foi reformada no início da década passada e a estação abriga hoje a Estação Cultural. Seu armazém, ao lado, foi transformado no Museu de Paleontologia.
Conforme o plano diretor de desenvolvimento turístico do município de 2021, o armazém é datado da década de 30 e o complexo ferroviário ainda preserva a antiga caixa d’água, duas casas e uma praça.
Consta no plano diretor que o complexo foi formado cerca de duas décadas após o surgimento da estação, com a construção das casas do chefe e subchefe da estação, da caixa d’água e do armazém, utilizado para estocar as mercadorias.
O prédio da antiga estação ferroviária abriga a biblioteca municipal, com mais de 10 mil livros e centenas de DVDs.
Uchôa iniciou a sua formação em 1890, quando houve o desmembramento e loteamento das fazendas Palmeiras e São Domingos, com a ocupação por migrantes mineiros, segundo dados da prefeitura.
Duas décadas depois, começaram a chegar imigrantes europeus e, em 1911, com os trilhos da Estrada de Ferro Araraquara, foi erguida uma estação perto do povoado, que ganhou o nome de Ignacio Uchôa, acionista da ferrovia e senador.
Isso causou a chegada cada vez mais frequente de europeus em busca de terras baratas e férteis para cultivar café, ainda conforme a prefeitura.
A partir de então, surgiram novos loteamentos, comércio, hotel e o local virou distrito de São José do Rio Preto em 1913. Doze anos depois, passou a ser considerado município. Hoje tem 10.670 habitantes, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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