O dólar abriu próximo da estabilidade nesta segunda-feira (1º) com os investidores à espera da participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento em São Paulo, durante a manhã e também aguardam novos dados sobre a economia norte-americana.
Às 9h04, a moeda norte-americana caía 0,05%, cotada a R$ 5,3325. Na sexta-feira (28), o dólar encerrou em queda de 0,31%, cotado a R$ 5,335, enquanto a Bolsa renovou o recorde de fechamento ao encerrar acima dos 159 mil pontos pela primeira vez na história. O pregão foi marcado pela alta das ações de Itaú e Vale, pelos dados de desemprego no Brasil e pela menor movimentação dos mercados nos EUA por causa do pós-Dia de Ação de Graças.
O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, fechou o dia em alta de 0,44%, aos 159.072 pontos, após ter alcançado uma nova máxima intradiária de 159.689 pontos durante a tarde. O A alta da Bolsa foi puxada principalmente pelos papéis do banco e da mineradora, que subiram 2,28% e 1,61%, respectivamente, beneficiados pela aprovação do pagamento de dividendos extraordinários. Em sentido oposto, Petrobras pesou sobre o índice: as ações preferenciais caíram 1,88% após a divulgação do plano de investimentos da estatal.
No acumulado do ano, a Bolsa registra alta de 31,9%, enquanto o dólar tem baixa de 13,7%. No mês de novembro, o aumento do Ibovespa foi de 6,4%, enquanto o recuo da moeda americana foi de 0,8%.
Durante o pregão, analistas repercutiram dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre o mercado de trabalho no mercado doméstico. A taxa de desemprego do Brasil foi de 5,4% no trimestre encerrado em outubro, o menor patamar registrado em toda a série histórica, que começou em 2012. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo instituto.
Nos três meses até setembro, o Brasil registrou 5,91 milhões de pessoas nessa condição. O resultado representa uma queda de 3,4% na comparação com o trimestre anterior (menos 207 mil pessoas) e de 11,8% em um ano (menos 788 mil pessoas).
Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, afirma que a taxa de desemprego de outubro repercute nas apostas de corte da taxa Selic em 2026. “O mercado apresenta sinais de correção das expectativas da política monetária. Com o mercado de trabalho resiliente, é natural que os investidores revisem o tamanho do espaço de corte nos juros do ano que vem”.
Os sinais recentes do Banco Central têm sido mistos. Nesta quinta, Galípolo afirmou que a instituição vai manter o juros no nível necessário pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta. A taxa básica de juros, a Selic, está em 15% ao ano, maior patamar em 20 anos.
Na última terça-feira (25), Nilton David, diretor de Política Monetária do Banco Central, afirmou que a expectativa é de que o BC realize cortes na taxa Selic, não aumentos. Ele não especificou quando essas reduções podem ser realizadas.
Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, vê a perspectiva do juyros influenciando na Bolsa. “Temos uma expectativa de inflação mais controlada por aqui”.
Dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) divulgados na quarta-feira (26) revelaram que a taxa acumulada em 12 meses até novembro avançou 4,5%. É o teto da meta de inflação perseguida pelo BC.
Ainda por aqui, a formação da Ptax de fim de mês, no mercado de câmbio, também está no radar. Calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa), o que tende a gerar mais volatilidade no mercado cambial.
No cenário internacional, o dia foi marcado pela liquidez restrita nos mercados, ainda em virtude do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. Nos últimos pregões, o desempenho da moeda americana foi impactado pelas expectativas de corte de juros nos EUA pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano), que pesaram sobre a divisa e valorizaram o real.
Na semana passada, foram divulgados o livro Bege, relatório do Fed sobre as condições econômicas dos EUA e os índice de preços ao produtor e vendas no varejo, que tiveram resultados abaixo do esperado ou em linha com as projeções de economistas.
Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, os dados sugerem que a economia americana passa por um enfraquecimento. “Há uma expectativa de que as projeções por corte de juros na decisão de dezembro continuem sendo maioria”.
A ferramenta FedWatch, do CME Group revela que investidores veem uma chance de 84,9% de que o banco central americano reduza a taxa de juros para 3,50% a 3,75%, em dezembro —hoje é de 3,75% a 4,00%.
Reduções nos juros dos EUA costumam ser uma boa notícia para os mercados globais —e o oposto também é verdadeiro. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, também chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.
Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.
Além disso, uma redução nos juros por lá e a manutenção da taxa brasileira fortalece a estratégia conhecida como “carry trade”. Nela, pega-se dinheiro emprestado a taxas mais baixas, como a dos EUA, para investir em ativos com alta rentabilidade, como a renda fixa brasileira.
Assim, quanto mais atrativo o carry trade, mais dólares tendem a entrar no Brasil, o que ajuda a valorizar o real.





