terça-feira, dezembro 2, 2025

Paraná incentiva empresas a reduzirem emissão de gases de efeito estufa

O Paraná, um dos estados mais sustentáveis do Brasil, conta com uma série de iniciativas voltadas à redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), visando reduzir os impactos das mudanças climáticas. Desde 2012, o Estado possui uma Política sobre Mudança do Clima instituída por lei, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de práticas sustentáveis para limitar o aquecimento global.

Um dos pilares dessa estrutura é o Inventário Estadual de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), desenvolvido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), em parceria com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), que abrange os 399 municípios e detalha as emissões por setor. É o primeiro estado brasileiro a apresentar informações especializadas em nível municipal, o que permite um diagnóstico preciso e orienta políticas de mitigação e adaptação em todo o território.

Dentro da Política Estadual sobre Mudança do Clima está uma das principais formas de incentivo e reconhecimento às práticas de redução da emissão de GEE: o Selo Clima Paraná. A certificação reconhece as boas práticas ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) desenvolvidas pelas organizações paranaenses, acompanhando os resultados do monitoramento e medidas de mitigação de gases de efeito estufa. Desde 2015, quando foi lançado, 495 organizações foram reconhecidas pelo prêmio, entre públicas e privadas.

O secretário estadual Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, destaca o impacto do certificado para as organizações participantes. “Mais do que uma certificação, o Selo Clima representa um compromisso público com a sustentabilidade, promovendo a cultura ESG em diferentes esferas. A metodologia é fundamentada nos princípios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, além de outros compromissos internacionais como as campanhas Race to Zero e Race to Resilience”, ressaltou.

“A proposta é destacar organizações que, por meio de ações concretas, demonstram protagonismo ambiental e responsabilidade socioeconômica em seus campos de atuação”, explicou Everton Souza, diretor-presidente do Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado à Sedest. “É uma oportunidade de valorização da atuação climática de cada participante, reforçando a imagem institucional de quem recebe a certificação.”

Em 2025, o Selo Clima registrou um crescimento de mais de 70% em relação ao ano anterior, reunindo mais de 300 organizações inscritas. A adesão crescente demonstra a capacidade do Paraná de engajar o setor produtivo e criar um ambiente favorável à transição para uma economia de baixo carbono, posicionando o Estado como referência nacional nesse tipo de política. A divulgação dos resultados deste ano ocorrerá nesta terça.

EMPRESAS PÚBLICAS – Entre as empresas participantes do Selo Clima e que realizam inventário de emissão de GEE estão a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Em 2025, a empresa contratou um Plano de Descarbonização, iniciativa inédita no saneamento básico brasileiro. O plano visa atuar em um setor ainda pouco contemplado em políticas de redução de carbono, especialmente no tratamento de esgoto.

O diretor-presidente da Sanepar, Wilson Bley, ressalta que o projeto traçará um caminho viável de redução das emissões de gases de efeito estufa pela empresa, a partir de ações estruturadas de mitigação, compensação e modernização tecnológica. “O trabalho é abrangente, focado em diagnóstico robusto, estudo de alavancas de descarbonização e definição de cenários de redução, visando soluções viáveis para o dia a dia da Companhia”, afirmou.

Dentro da agenda climática da Sanepar, a sede administrativa em Curitiba atingiu a neutralidade de carbono através da compra de créditos de projetos sustentáveis. A ação demonstra a viabilidade da compensação de carbono e apoia a transição para uma economia de baixas emissões.

A meta é que o Plano de Descarbonização amplie essa abordagem para toda a operação, alinhando eficiência operacional com os compromissos ambientais da empresa e contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris, que prevê manter o aumento da temperatura global em até 1,5ºC em relação ao período pré-industrial.

A Sanepar faz o inventário de emissões de gases de efeito estufa desde 2008 e já conquistou o Selo Ouro do Programa Brasileiro GHG Protocol por nove vezes, reforçando a liderança e compromisso contínuo. O objetivo é aliar crescimento econômico, inovação tecnológica e responsabilidade ambiental, servindo de inspiração para outras empresas do setor.

ENERGIA – Assim como a Sanepar, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) é membro pioneiro do GHG Protocol, elaborando inventário desde 2009 e com certificação por uma empresa de terceira parte. Além disso, também monitora as emissões e traça estratégias com base nos resultados obtidos. O objetivo é de que, até 2030, as emissões próprias da Copel sejam zeradas.

Uma das metas da Companhia era se tornar uma empresa de geração renovável, fato conquistado em 2024. Além disso, a Copel tem investido em carros elétricos para redução das emissões e participa do Selo Clima Paraná desde a primeira edição. Dentro do setor elétrico, é uma das empresas com menor emissão própria no País.

“O inventário de emissões é a base que orienta nossas ações para reduzir a pegada de carbono da Copel com precisão e responsabilidade. Já antecipamos a meta de geração de energia 100% renovável e estamos ampliando investimentos em eficiência energética, eletrificação veicular e novas tecnologias para acelerar a neutralidade de carbono até 2030, mostrando que é possível crescer de forma sustentável e responsável”, ressalta o presidente da Copel, Daniel Slaviero.

A Portos do Paraná, responsável pelos portos de Paranaguá e Antonina, também tem buscado a redução de sua pegada de carbono. Em 2025, a empresa pública recebeu da Fundación Valenciaport o relatório de emissões de GEE dos portos paranaenses. A partir dos dados apresentados, será desenvolvido o Plano de Descarbonização da Comunidade Portuária.

“Estamos somando esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e atingir as metas da Agenda 2030 e também de 2050 para descarbonização”, reforça o diretor de Meio Ambiente da Portos do Paraná, João Paulo Santana.

Uma das medidas adotadas pela Portos do Paraná para reduzir a emissão de GEE é a Portaria dos Navios Verdes, que concede preferência de atracação a embarcações menos poluentes, ou seja, que utilizam combustíveis ou tecnologias embarcadas capazes de reduzir suas emissões. “Todos os navios com maior eficiência energética, que emitam menos gases de efeito estufa, têm prioridade na Portos do Paraná”, concluiu.

Foto: Gabriel Rosa/Arquivo AEN

EMPRESAS PRIVADAS – A preocupação com o desenvolvimento sustentável também integra a agenda de empresas privadas no Paraná, entre elas a Klabin, no ramo de papel e celulose. Maior produtora e exportadora de papéis para embalagens e soluções sustentáveis em embalagens de papel do Brasil, a Klabin foi a primeira empresa do setor de papel e celulose da América Latina a ter suas metas aprovadas pela Science Based Targets initiative (SBTi). Trata-se de uma iniciativa que estabelece metodologias para ajudar as empresas a desenharem metas de redução de emissão em consonância com a ciência do clima e o desenvolvimento econômico sustentável.

Um dos resultados já alcançados foi a redução em 68% da emissão de CO2 equivalente por tonelada de produto gerado entre 2003 e 2021. Nas metas aprovadas pela SBTi, a Klabin almeja reduzir em 90% as emissões absolutas de GEE até 2050, tendo 2022 como ano-base. No curto prazo, há o compromisso de reduzir em 42% as emissões absolutas de GEE até 2030, sendo que recentemente a empresa reduziu em 17,4% as emissões de Escopo 3 entre 2022 e 2024.

Na frente energética, a Klabin conta com 93% da sua matriz advinda de fontes renováveis. A Unidade Ortigueira, nos Campos Gerais, por exemplo, é autossuficiente, gerando energia elétrica a partir de subprodutos da madeira, como a biomassa e o licor negro. Além de abastecer a própria fábrica, a capacidade energética excedente é injetada no Sistema Interligado Nacional, contribuindo para o abastecimento em todo o País.

“A Klabin trata o tema da descarbonização com responsabilidade, faz a sua parte e vai continuar avançando nessa direção. Para nós, tem sido, inclusive, uma oportunidade econômica, porque temos investido em projetos de melhoria contínua, com base em combustíveis renováveis, que se têm provado economicamente mais eficientes do que os combustíveis fósseis. São oportunidades de integrar a nossa cadeia com a nossa base florestal, usando resíduos e subprodutos da madeira para melhorar a nossa matriz energética”, afirmou o diretor Florestal, Sandro Ávila.

Todas as fábricas da Klabin possuem equipamentos e sistemas de controle de emissões atmosféricas. Para atendimento aos requisitos ambientais aplicáveis, sistemas de monitoramento (contínuo ou descontínuo) são aplicados nas fontes de emissão.

CENÁRIO PARANAENSE – De acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), apresentado pelo Observatório do Clima em 3 de novembro, o Paraná teve em 2024 um total líquido (emissões brutas – remoções) de 60 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e). É o segundo melhor resultado da região Sul do País, atrás de Santa Catarina, com 39 MtCO2e.

Na série histórica observada pelo SEEG, o resultado de 2024 foi o menor da história do Paraná em relação às emissões líquidas de GEE e o terceiro menor quando consideradas as emissões brutas (69,32 MtCO2e), atrás apenas dos anos de 2009 (67,72 MtCO2e) e 2007 (68,55 MtCO2e).

O setor que mais emite gases de efeito estufa é a agropecuária, com 46,3%; seguido pelo setor de Energia, com 36,4%; de Resíduos, com 7,8%; de Processos Industriais, com 4,9%; e de Mudanças de Uso da Terra e Florestas, com 4,7%. De 2023, quando as emissões brutas foram de 77,87 MtCO2e, na comparação com 2024 (69,32 MtCO2e), a redução foi de quase 11%.

A nível nacional, o Paraná ocupa a 12ª posição no total de emissões líquidas de GEE. Quando comparado com as três maiores economias do País (o Paraná tem o 4º maior Produto Interno Bruto do Brasil), São Paulo aparece em 3º lugar (137 MtCO2e), Rio de Janeiro em 9º (69 MtCO2e) e Minas Gerais em 2º (162 MtCO2e).

EFEITO ESTUFA – Quando parte da radiação solar que chega ao planeta é absorvida pela superfície e, depois, irradiada de volta para a atmosfera em forma de calor, é formado o efeito estufa. Gases como dióxido de carbono (CO2), metano (CH7), óxido nitroso (N2O) e vapor d’água retêm parte desse calor, evitando que ele se disperse completamente no espaço.

O problema surge quando atividades humanas — como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a agropecuária intensiva — aumentam a concentração desses gases na atmosfera. Esse desequilíbrio intensifica o efeito estufa e leva ao aquecimento global, provocando mudanças climáticas, elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos. Por isso, a redução das emissões de GEE é considerada uma das principais metas globais para conter o avanço das mudanças climáticas.

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