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São raros os filmes passados na Segunda Guerra Mundial que trazem a visão de quem perdeu o confronto. Mas um dos melhores filmes de guerra de todos os tempos faz exatamente isso: O Barco – Inferno no Mar (1981), dirigido pelo alemão Wolfgang Petersen, conta a saga da tripulação de um submarino nazista em luta contra embarcações britânicas no Atlântico em 1941.
O filme foi adaptado de um romance autobiográfico publicado em 1973 pelo escritor alemão Lothar-Günther Buchheim, que em 1941 era jornalista e acompanhou a tripulação do submarino alemão U-96 em incursões pelo Atlântico. Depois da derrota alemã, Buchheim tornou-se galerista e colecionador de arte, escreveu livros sobre Pablo Picasso e Georges Braque, e lançou diversos livros contra a guerra.
Em O Barco – Inferno no Mar, Jurgen Prochnow faz o comandante do submarino e Herbert Grönemeyer interpreta o jornalista que é destacado para fazer reportagens louvando a coragem e competência dos marinheiros nazistas (este personagem é inspirado na figura de Lothar-Günther Buchheim). Quase a totalidade do filme se passa dentro do submarino, e o resultado é uma obra-prima claustrofóbica e tensa que deixa qualquer espectador roendo as unhas de nervoso.
À época da filmagem, 1981, O Barco – Inferno no Mar foi o filme mais caro rodado na Alemanha. Para obter o tom realista que desejava, o diretor Wolfgang Petersen exigiu a construção, no estúdio, de uma réplica do interior do submarino, que media 67 metros de comprimento. Também foram feitas cópias do barco, de diversos tamanhos, que foram usadas em efeitos especiais e cenas submarinas.
Espectador é transportado para a embarcação
O filme é um primor de técnica e narrativa, algo confirmado pelas seis indicações ao Oscar. Petersen explora as individualidades de cada membro da tripulação, mostrando como a convivência diária num ambiente insalubre e apertado daqueles ajuda a criar animosidades que se transformam em hostilidades homicidas. A câmera sempre em movimento do exímio fotógrafo alemão Jost Vacano (que trabalhou com grandes nomes do cinema, como Volker Schlöndorff, Margareth Von Trotta, Paul Verhoeven e John Frankenheimer) voa pelos corredores estreitos da embarcação, e o efeito é vertiginoso. O espectador se sente dentro do submarino.

Mais do que um filme de guerra, O Barco – Inferno no Mar é uma obra de terror psicológico. Não é à toa que a frase “Uma jornada ao limiar da mente” foi usada no material promocional do filme na Alemanha, porque é exatamente isso: o filme transporta o público para um cenário real, mas que parece, por vezes, assombrado e aterrorizante.
Quando as luzes do submarino se apagam e apenas as luzes vermelhas de emergência se acendem e ouvimos os bipes dos sonares britânicos que se aproximam da embarcação, o clima passa a ser de terror. “40 mil marinheiros alemães embarcaram nos submarinos, mas apenas 10 mil retornaram”, diz o letreiro no início do filme. Se isso não é terror, não sei o que é.
- O Barco – Inferno no Mar
- 1981
- 216 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível para locação e compra na Amazon e Apple TV+
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