quinta-feira, novembro 27, 2025

Carecas assumidos são irresistivelmente sexys – 19/10/2025 – Becky S. Korich

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Existe uma gradação quilométrica de carecas. De Espiridião Amin, o careca raiz –e da raiz sem nenhum fio– a Ricardo Araújo Pereira, o careca muso deste jornal. Da careca milionária de Jeff Bezos à careca do seu Cabral, zelador do meu prédio, que ostenta uma calvície respeitável capaz de afugentar qualquer ladrão. Da sagrada careca de Mahatma Gandhi à careca estrategista de Churchill. Da careca real do príncipe William à careca surreal de Zinedine Zidane, que deu a cabeçada mais famosa da história do futebol. Do corpo, digo, da careca linda e bronzeada do surfista Kelly Slater, que dá um caldo em qualquer cabeludo, à calvície do barrigudo Homer Simpson. E tem, é claro, a careca do careca do INSS, que eu só conheço de nome.

Há algo irresistivelmente sexy em um homem que abraça sua calvície com convicção. Um charme exclusivo que transmite uma aura de inteligência e virilidade.

Mas esses dotes estão com os dias contados. É o que prometem os Cientistas da Universidade da Califórnia, que anunciaram a descoberta de uma molécula, a PP405, capaz de reverter quadros de calvície e despertar folículos adormecidos. A notícia despertou, também, o sonho dos carecas de transformar a cabeça inabitada numa 25 de mMarço. Pelo jeito, em breve, a calvície será opcional.

A calvície ainda atormenta muitos homens. Não entendo por que tanta neura. A luta é antiga. No Egito Antigo, os médicos recomendavam fórmulas com gordura de hipopótamo, crocodilo e leão para esfregar na cabeça. Hipócrates, que era calvo, apostava na mistura de pombos, cominho e rabanete. Júlio César, mal resolvido com sua careca, usava a coroa de louros não só como símbolo de poder, mas também como disfarce capilar. Monges da Idade Média receitavam unguentos com vinagre, urina e sangue de animais. Valia até esfregar fezes de pombo no couro cabeludo para tentar ressuscitar os folículos.

Como nada disso funcionou, vieram as famigeradas perucas –que nunca convenceram– e os sprays –que pioravam a situação. Depois, as fórmulas e os xampus milagrosos que prometiam transformar o deserto numa plantação de café, o que só fez cultivar a conta bancária dos charlatões. Chegaram, então, os primeiros implantes, tão rudimentares, que deixavam marmanjos com cabelos de boneca.

A ciência evoluiu e criou a Disney da calvície: Turquia. O sujeito anuncia que vai tirar férias no Mediterrâneo e volta com ataduras na cabeça jurando que foi queimadura de sol. Um mês depois aparece o milagre cabeludo.

Para quem não tem essa disposição, resta o Minoxidil e a tradicional Finasterida, que oferece a ingrata escolha entre perder os cabelos ou a libido, ou para ser mais clara, ser um cabeludo broxa ou um careca com apetite.

Isso sem contar os truques individuais: pentear os fios sobreviventes de orelha a orelha –ou da nuca até a testa–, o que chama mais atenção do que a própria cabeça pelada. Fora aqueles que se agarram a um rabinho constrangedor feito com o que sobrou dos fios, exemplo clássico de negação.

Terça-feira (14) celebrou-se o Dia Mundial do Careca, que tem como lema “Be Bald and Free Day” (Dia de ser Careca e Livre). Minha homenagem vai para os carecas convictos, que não se rendem a loções, transplantes ou delírios turcos, e seguem de testa erguida, literalmente.

Carecas, calvos e afins, lembrem-se: o que importa é o que brota dentro.


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