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Aliados de Messias querem que pastores pressionem Senado – 01/12/2025 – Poder


Aliados evangélicos de Jorge Messias, indicado pelo presidente Lula (PT) para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), planejam levar uma comitiva de pastores ao Senado para apoiá-lo. A ideia é pressionar parlamentares no dia da votação que decidirá se ele se tornará ministro da corte.

O nome de Messias tem sofrido resistência no Senado e corre o risco de não ser aprovado. Levar pastores para pedir votos a favor dele seria uma forma de indicar aos parlamentares que a eventual rejeição poderia ser mal recebida por parte do eleitorado evangélico e prejudicar o desempenho de certos políticos na próxima campanha eleitoral.

O último censo apontou que 26,9% da população é evangélica, parcela que políticos que disputam eleições majoritárias, como senadores, não podem desprezar. Esses grupos não são politicamente homogêneos, mas costumam desaprovar a gestão Lula mais do que a média da população.

Em outubro, Lula recebeu o bispo Samuel Ferreira e outros representantes da Assembleia de Deus Ministério de Madureira no Palácio do Planalto. Messias participou da recepção e orou com os presentes.

Lula anunciou a indicação de Messias na última quinta-feira (20), contrariando o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e boa parte dos senadores. Eles queriam que o indicado fosse o também senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente da Casa.

Alcolumbre tem dado sinais de que está disposto a barrar a indicação de Messias e forçar Lula a escolher outro nome. O indicado precisa do voto favorável de ao menos 41 dos 81 senadores para assumir o cargo no Supremo.

Messias começou a fazer campanha imediatamente após ser anunciado por Lula. Buscou diversos senadores por telefone e fez algumas visitas a gabinetes. Em ao menos parte dessas conversas ele deu destaque para sua identidade religiosa, descrevendo-se como “um evangélico temente a Deus”, nas palavras que ele próprio usou, segundo diálogos relatados à Folha.

O indicado por Lula reforça essa identidade também em público. No domingo (30), ele publicou nas redes uma referência ao dia do evangélico, com uma passagem bíblica que faz alusão à pacificação. “Vamos juntos construir pontes e promover a harmonia, refletindo o verdadeiro espírito do evangelho. Que a paz de Cristo nos guie sempre!”, escreveu.

Senadores ouvidos pela reportagem nos últimos dias repetem que não têm nada contra Messias e que gostam dele, mas que o fato de Lula tê-lo escolhido em detrimento de Pacheco reduz as chances de ele obter votos. Os políticos também costumam relatar ao próprio indicado que sua situação é delicada.

A análise predominante é que dificilmente Messias obterá o apoio do qual necessita se não houver um acerto entre Alcolumbre e Lula. Aliados do presidente da República acreditam que ambos conversarão em um futuro próximo e que a temperatura política baixará.

O indicado tem pouco tempo para fazer campanha. Alcolumbre anunciou que tanto a sabatina à qual Messias precisa ser submetido na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado quanto a votação decisiva no plenário serão em 10 de dezembro.

Apesar da indisposição do presidente do Senado, aliados de Messias entenderam como um sinal positivo o fato de Alcolumbre ter escolhido o senador Weverton Rocha (PDT-MA) como relator da indicação —ou seja, caberá a ele recomendar a aprovação ou rejeição para os demais senadores, que votarão como preferirem.

Weverton é próximo de Alcolumbre, mas também é apoiador de Lula e deu indicações de que ajudará Messias a acessar os senadores com os quais precisa conversar. O presidente do Senado poderia ter escolhido um político de oposição para o posto e dificultado ainda mais a vida do postulante a ministro do Supremo.

Se Messias e seus aliados não conseguirem reverter a resistência a seu nome, Lula sofrerá uma derrota de proporções históricas. Cinco indicados para o STF já foram rejeitados pelo Senado, todos durante o turbulento governo de Floriano Peixoto, nos primórdios da República. Desde o final do século 19 os indicados pelo chefe de governo são aceitos.



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