Entre janeiro e outubro, o Volkswagen Polo teve 102,9 mil unidades emplacadas no país. É o hatch compacto mais vendido, seguido pelo Fiat Argo, com 84 mil licenciamentos. Os dados da Fenabrave (associação das montadoras) mostram ainda que mais de 60% desses faturamentos ocorreram por meio de vendas diretas, segmento dominado pelas locadoras.
As versões mais em conta desses modelos são comumente oferecidas na modalidade assinatura —o que as torna abundantes nas grandes cidades, onde são utilizadas por motoristas de aplicativo. No varejo, conquistam consumidores que desejam um modelo econômico para o uso urbano e optam pela segurança de comprar um zero-quilômetro.
O Polo foi avaliado na versão Track, e sua plataforma dá origem a um produto melhor em relação ao Fiat. O hatch da Volks é superior em ergonomia, a ponto de a ausência de ajustes da coluna de direção não fazerem tanta falta. O câmbio de engates curtos e suaves segue como referência entre os carros manuais.
O Argo oferece posição de dirigir elevada e um ótimo aproveitamento de espaço interno, mas não agrada tanto quanto o rival no uso cotidiano. A experiência ao volante é menos prazerosa.
Mas há pontos positivos, como a central multimídia. A tela é pequena, mas tem espelhamento sem fio para smartphones e faz parte dos itens de série da versão Drive, que custa R$ 94.990. O Polo Track é oferecido por R$ 93.660, mas o sistema conectado VW Play é um opcional que custa R$ 1.700.
O hatch da Fiat também tem um pacote adicional de itens, que custa R$ 2.300 é focado em comodidades e no conforto a bordo. Nesse caso, o ar-condicionado ganha ajuste automático de temperatura com visor digital e os retrovisores recebem comandos elétricos. Há ainda sensor de ré e acionamento elétrico das janelas traseiras.
O Polo Track não pode receber tantos itens, mas só o modelo da Volkswagen traz quatro airbags. O Argo apenas cumpre a legislação ao oferecer as duas bolsas frontais. Nenhum dos dois recebe itens avançados, como sensores que leem as faixas do asfalto ou sistema de frenagem automática.
VOLKSWAGEN POLO TRACK
Preço: R$ 93.660 (novembro/2025)
Motorização: flex, 999 cm³; 84 cv com etanol e 77 cv com gasolina a 6.450 rpm
Torque: 10,3 kgfm com etanol a 3.000 rpm e 9,6 kgfm com gasolina a 4.000 rpm
Transmissão: câmbio manual, cinco marchas
Pneus: 185/65 R15
Peso: 1.054 kg
Porta-malas: 300 litros
Comprimento: 4,08 m
Largura: 1,75 m
Altura: 1,47 m
Entre-eixos: 2,57 m
Capacidade do tanque: 49 litros
Aceleração (0 a 100 km/h, em segundos): 18,6 (etanol ou gasolina)
Retomada (80 km/h a 120 km/h, em segundos): 19,3 (etanol) e 19,5 (gasolina)
Consumo urbano (km/l): 10,1 (etanol) e 15,2 (gasolina)
Consumo rodoviário (km/l): 16,4 (etanol) e 21,8 (gasolina)
Autonomia rodoviária com etanol (a 90 km/h): 804 km
Autonomia rodoviária com gasolina (a 90 km/h): 1.068 km
Ambos os carros trazem forrações sóbrias, com plásticos rígidos e tecidos acinzentados. O hatch da Fiat tem uma cabine de melhor aparência, como é comum nos modelos da marca italiana em relação aos
concorrentes diretos.
O ponto de equilíbrio entre os dois modelos está no desempenho, que não é bom. Argo Drive e Polo Track foram lentos nas provas de aceleração e retomada, de acordo com os números verificados pelo Instituto Mauá de Tecnologia. Os testes foram feitos na pista da ZF, em Limeira (interior de São Paulo).
O hatch da Fiat precisou de 19,9 segundos para ir do zero aos 100 km/h com gasolina. Com etanol, foram 18,3 segundos, o que mostra a adequação do motor 1.0 Firefly ao combustível de origem renovável. O modelo da Volks cumpriu a mesma prova em 18,6 segundos, o mesmo resultado para os dois combustíveis.
Há dez anos, o Volkswagen Gol equipado com o mesmo motor 1.0 flex de três cilindros foi três segundos mais rápido que o Polo Track na prova de aceleração, indo do zero aos 100 km/h em 15,6 segundos com etanol no tanque. O antepassado era mais leve (961 kg ante 1.054 kg do hatch atual), mas essa não é a razão primordial para a diferença.
O principal motivo está nas normas ambientais previstas na fase atual do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). As medidas para reduzir as emissões de poluentes resultam em perda de desempenho, que é mais percebida nos automóveis equipados com motor 1.0 sem turbo.
O mesmo ocorre com o Argo. Em 2014, um simplório Palio Fire Way equipado com motor 1.0 flex de quatro cilindros (75 cv) levou 16,4 segundos para chegar aos 100 km/h quando abastecido com etanol, uma diferença de dois segundos em relação ao Argo na mesma condição.
FIAT ARGO DRIVE
Preço: R$ 94.990 (novembro/2025)
Motorização: flex, 999 cm³; 71 cv com etanol e 75 cv com gasolina a 6.000 rpm
Torque: 10,7 kgfm com etanol e 10 kgfm com gasolina a 3.250 rpm
Transmissão: câmbio manual, cinco marchas
Pneus: 185/60 R15
Peso: 1.083 kg
Porta-malas: 300 litros
Comprimento: 4,03 m
Largura: 1,72 m
Altura: 1,51 m
Entre-eixos: 2,52 m
Capacidade do tanque: 45 litros
Aceleração (0 a 100 km/h, em segundos): 18,3 (etanol) e 19,9 (gasolina)
Retomada (80 km/h a 120 km/h, em segundos): 17 (etanol) e 18,5 (gasolina)
Consumo urbano (km/l): 13,4 (etanol) e 14,9 (gasolina)
Consumo rodoviário (km/l): 16,2 (etanol) e 20,4 (gasolina)
Autonomia rodoviária com etanol (a 90 km/h): 729 km
Autonomia rodoviária com gasolina (a 90 km/h): 918 km
A vantagem dos carros antigos, contudo, limita-se ao desempenho. Os automóveis atuais são mais eficientes em consumo e, devido às exigências legais, muito superiores em segurança. Os controles de tração e de estabilidade, por exemplo, são obrigatórios desde 2014.
Os novos são também mais equipados, trazendo ar-condicionado e direção com assistência elétrica, entre outros itens.
Em um futuro próximo, os números de aceleração e retomada devem melhorar, com a adoção de sistemas híbridos e a chegada de atualizações. O Polo Track caminha para três anos de mercado, enquanto o Argo tem futuro incerto. O novo Fiat Panda chega em 2026, e ainda não há informações sobre como a marca italiana irá reorganizar sua linha de hatches compactos.





