Apesar da Black Friday, o comércio de rua de São Paulo vive um dia de lojas vazias nesta sexta-feira (28).
A reportagem visitou duas lojas do Magazine Luiza, uma das Americanas, duas das Casas Bahia e uma do Carrefour nas zonas central, sul, norte e leste de São Paulo e tanto vendedores quanto clientes disseram que o movimento estava mais fraco do que esperavam.
“Vim comprar pensando que estaria cheio, e não tem quase ninguém. É bom que não pego fila”, diz a faxineira Lígia Oliveira, 51, que trabalha em uma empresa próxima à rua Direita, parte comercial da Sé.
Ela conta que comprou alguns móveis na véspera, mas que tem achado difícil encontrar promoções reais. “Fiquei acompanhando um jogo de talheres que queria muito. Estava R$ 70. Hoje, fui lá ver, dizia que estava em promoção por R$ 75”, afirma.
O porteiro e motorista de aplicativo Eduardo Severino, 42, afirma que não teve nenhuma corrida de quem pretendia comprar na Black Friday, mas que o condomínio em que trabalha não para de receber encomendas. “Tudo online. É só Shein, Shopee, Mercado Livre, Amazon“, diz ele.
A secretária Estela Maria, 47, afirma que prefere comprar em sites, mas que gosta de ir ao centro para frequentar algumas lojas que conhece. “Venho todo ano para comprar sapato, as promoções são sempre ótimas”, afirma.
O levantamento Consumidor do Futuro, da Serasa Experian, empresa de análise de crédito, já mostrou esse comportamento do consumidor, que prefere loja física para testar o produto, mas fecha a compra no ambiente online.
Segundo a pesquisa, 59,4% dos consumidores acreditam que os pontos de venda servem mais para expor produtos do que para fazer a venda. Entre os mais jovens, o comportamento é ainda mais evidente, com 63,5% dos jovens da Geração Z (nascidos por volta de 1996 a 2010) e 61,4% dos Millennials (entre 1980 e 1995) com essa visão.
Empresas também adotaram estratégias para diluir a concentração de consumidores nesta sexta, fazendo promoções na chamada Black November, no mês inteiro, e a Black Week, durante toda a semana.
O Carrefour está com funcionamento especial desde as 6h de quinta-feira (26) e terá o esquema até a meia-noite de domingo (30), com mais de 145 lojas que funcionam 24 horas em todo o Brasil. Não houve, porém, segundo a marca, eventos especiais de anúncios de descontos, como é comum na virada da véspera para sexta-feira.
As Casas Bahia realizaram transmissões ao vivo para anunciar descontos, também de quinta a domingo. A loja física usada para as gravações, na Marginal Pinheiros, não apresentou muito movimento, apesar de a “superlive” contar com 2.000 pessoas assistindo na véspera.
A empresa ampliou os horários das lojas físicas, mas também tem apostado no online. Para a Black Friday, lançou uma solução de inteligência artificial no WhatsApp para orientar clientes e diminuir as respostas automatizadas dos “bots”.
No Magazine Luiza, as lojas abriram mais cedo na manhã desta sexta, às 8h. As unidades da Marginal Tietê e da rua Direita contaram com pouco movimento. A rede, no entanto, realizou diversas ofertas desde o fim de outubro e durante o mês de novembro, com preços que, segundo a varejista, não seriam mais vistos.
Segundo a empresa, a Black Friday é um evento que começou nos canais digitais, mas hoje tem igual relevância nas lojas físicas. “O Magalu tem visto o tráfego de público em todas as suas mais de 1.200 unidades aumentar ano a ano, principalmente, a partir do horário de almoço e período da tarde de sexta-feira, que é o cenário neste momento. A movimentação segue intensa no final de semana”, diz.
As Americanas também adotaram um horário estendido durante todo o fim de semana, com abertura às 6h ou 7h, dependendo da loja.
A empresa diz que sua campanha de Black Friday, a Black Cestas, está sendo realizada durante todo o mês de novembro para ampliar as oportunidades de compras aos milhões clientes. “A companhia informa que está acompanhando o movimento em suas lojas físicas, nesta semana mais intensa de ofertas, e que registra, nesta sexta-feira, um fluxo relevante de clientes nas lojas em todo o país”, diz.
