O bilionário fundo de pensão dos servidores fluminenses, o Rioprevidência, recebe por mês R$ 20 milhões de uma carteira de consigando para funcionários públicos do estado do governador Cláudio Castro operada pelo Banco Master. A operação foi colocada como “garantia colateral” aos investimentos de quase R$ 1 bilhão do fundo em letras financeiras da instituição financeira sem cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
Essa revelação aparece em um depoimento de Euchério Lerner Rodrigues, ex-diretor de investimentos do Rioprevidência, ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio de Janeiro em abril, logo após ele deixar o fundo em meio ao processo de venda do Master para o BRB (Banco de Brasília). Rodrigues confirmou ao Painel S.A. essa informação.
Na época, ele afirmou aos conselheiros do tribunal que o fundo optou pelos papéis do Master porque estes ofereciam 130% da rentabilidade dos títulos públicos de prazo equivalente, algo que nenhuma outra grande instituição ofereceu. Por isso, decidiu, junto a outros diretores, sacar aplicações em grandes bancos e concentrar em letras financeiras emitidas pelo Master.
“Esses elementos, por si só, já sustentariam sua superioridade frente às alternativas de risco equivalente. No entanto, o diferencial mais relevante era a composição da carteira do emissor: baseada majoritariamente em crédito consignado, o que oferecia, de forma implícita, uma camada adicional de segurança ao Rioprevidência, funcionando como um colateral estrutural”, disse.
Ele informou que, caso o banco quebrasse, a receita dessa carteira cobriria as perdas com o investimento nas letras financeiras em 23 meses.
“Existia uma razão adicional para o investimento no Banco Master pelo Rioprevidência. O banco Master tem uma carteira de empréstimo consignado junto ao Rioprevidência, que dá ao Rioprevidência uma receita de mais ou menos R$ 20 milhões por mês”, disse Rodrigues ao TCE.
Consultados, Master e Rioprevidência não se manifestaram.
Na mira da PF
Fontes da Polícia Federal disseram ao Painel S.A. que operações do Rioprevidência e de outros fundos de pensão estaduais e municipais junto ao Master já estavam sendo investigadas mais de dois anos antes da ação que resultou na prisão do banqueiro Daniel Vorcado, dono do banco, na noite da última segunda (17).
Levantamento feito pela Folha em abril com base em informações de fontes da PF mostra que ao menos dez fundos possuíam um total de R$ 1,7 bilhão nas letras financeiras do Master. O que possui a maior quantia é o Rioprevidência. Foram investidos R$ 970 milhões no banco de novembro de 2023 a abril de 2024, que correspondiam a mais de 7% do total das aplicações do fundo na época.
O TCE, porém, diz que foram R$ 2,6 bilhões o total de aplicações do fundo em letras do Master até 31 julho deste ano. Segundo o tribunal, o Rioprevidência continuou investindo no banco mesmo depois de alertas feitos por seus conselheiros. O fundo nega o montante, e a coluna não conseguiu confirmar a informação.
Fundos de pensão do Amapá, Amazonas, Cajamar (SP), São Roque (SP), Araras (SP), Santo Antônio de Posse (SP), Santa Rita D’Oeste (SP), Aparecida de Goiânia (GO) e Campo Grande (MS) também estão na mira da PF por investimentos consideráveis junto ao Banco Master, que tomaram participação relevante ante o total investido por esses fundos.
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