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COP30: Plano de saúde na crise climática reúne apoios – 13/11/2025 – Ambiente

Cerca de 40 países já manifestaram apoio ao plano lançado pelo governo brasileiro com objetivo de promover a adaptação do setor de saúde às mudanças do clima. Esse é o primeiro documento internacional do tipo e propõe políticas públicas principalmente em relação às populações mais vulneráveis.

O Plano de Ação de Belém para a Adaptação dos Setor de Saúde às Mudanças Climáticas, antecipado pela Folha, foi discutido nesta quinta-feira (13) na COP30. Além das declarações de apoio, o plano já reuniu os primeiros recursos concretos para financiar as iniciativas propostas.

Cerca de US$ 300 milhões em financiamento foram anunciados por entidades como a Wellcome Trust, organização filantrópica dedicada à saúde. Além disso, sinalizaram apoio instituições como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial.

O relatório parte do diagnóstico que as mudanças climáticas já impõem pressão significativa sobre os sistemas de saúde e alteram de forma desproporcional países em desenvolvimento.

Fatores como eventos climáticos extremos, elevação do nível do mar e alterações nos padrões de chuva intensificam desigualdades e geram consequências como propagação de doenças sensíveis ao clima, mortalidade por calor extremo, deterioração da qualidade do ar e insegurança alimentar e hídrica.

Relatório especial divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Ministério da Saúde nesta quinta aponta que mais de 540 mil pessoas morrem por calor extremo todos os anos. Além disso, um em cada 12 hospitais do mundo está em risco de paralisação relacionada ao clima.

“A crise climática é uma crise de saúde; não em um futuro distante, mas aqui e agora”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em nota. “Este relatório especial traz evidências sobre o impacto das mudanças climáticas sobre as pessoas e os sistemas de saúde, e exemplos concretos do que os países podem fazer e já estão fazendo para proteger a saúde e fortalecer seus sistemas.”

A avaliação dos envolvidos é que destinar recursos suficientes à adaptação em saúde já protegeria bilhões de pessoas e manteria estruturas essenciais funcionando durante choques climáticos, justamente quando a população mais precisa delas.

A mensagem central do relatório é clara: existem evidências mais do que suficientes para ampliar as ações, com intervenções efetivas, mas as estratégias de adaptação podem fracassar se não abordarem as causas profundas da desigualdade em saúde.

O documento também convoca governos a integrar os objetivos de saúde às NDCs (as metas climáticas de cada país) e aos Planos Nacionais de Adaptação (PNAs), além de aproveitar a economia financeira da descarbonização para financiar a adaptação em saúde e a capacitação da força de trabalho e investir em infraestrutura resiliente, priorizando unidades de saúde e serviços essenciais.

Para mitigar os problemas, o plano propõe, por exemplo, fortalecer sistemas de saúde integrados de vigilância e monitoramento. Além disso, implementar políticas e baseadas em evidências. Também sugere estimular a inovação e o desenvolvimento digital para o atendimento a comunidades remotas.

A meta é incluir o plano nos relatórios de progresso da COP. Até a edição 33 (em 2028), todas os países serão convidados a apresentar seus avanços na implementação das ações estabelecidas no plano.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o dia foi histórico por abordar pela primeira vez o tema da saúde em uma plenária da COP. “A crise climática é, antes de mais nada, pra humanidade, uma crise de saúde pública.”

Ele citou como exemplo concreto de consequência pelas mudanças climáticas a explosão de casos de dengue no estado de São Paulo e na capital paulista. Segundo ele, o aumento da temperatura gerou proliferação de mosquitos Aedes aegypti, que transmitem o vírus da doença.

“No fim dos anos 1990, não havia dengue na cidade de São Paulo, porque a temperatura média durante a madrugada impedia a multiplicação do mosquito. Menos de 15 anos depois, a capital teve seu maior surto e, neste ano, o estado de São Paulo concentra quase 80% das mortes por dengue no país”, disse Padilha.

O ministro deu um exemplo prático d a aplicação das diretrizes no plano ao afirmar que as unidades de saúde de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná —cidade destruída por um ciclone neste mês— vão ser reconstruídas com um novo padrão de infraestrutura, mais resiliente às mudanças climáticas.

“O Brasil vai adotar experiências que já aconteceram pela Organização Pan-Americana de Saúde na América Central, no México e no Haiti, de adaptar o padrão construtivo das unidades de saúde a um novo padrão de resiliência às mudanças climáticas.”

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