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A Kering, dona da Gucci, anunciou neste domingo (19) que fechou acordo para vender sua divisão de beleza à L’Oréal por 4 bilhões de euros (US$ 4,66 bilhões ou R$ 25 bilhões).
A operação marca o primeiro grande movimento do novo presidente-executivo, Luca de Meo, que busca reduzir o elevado endividamento do grupo de luxo e concentrar esforços em seu principal negócio, a moda.
Pelo acordo, a gigante francesa de cosméticos e perfumes L’Oréal adquirirá a marca de fragrâncias Creed e os direitos exclusivos, por 50 anos, de desenvolver e comercializar perfumes e produtos de beleza das grifes Gucci, Bottega Veneta e Balenciaga.
Hoje, a licença para perfumes da Gucci pertence à Coty, e o novo contrato só entrará em vigor quando o atual expirar —o que, segundo analistas, deve ocorrer em 2028.
A venda representa um passo importante na tentativa de reduzir a dívida líquida da Kering, que somava 9,5 bilhões de euros no fim de junho, além de 6 bilhões de euros em obrigações de arrendamento de longo prazo —fator que vinha gerando preocupação entre investidores.
Nos últimos anos, o grupo tem enfrentado dificuldades para recuperar o crescimento da Gucci, sua principal marca, afetada pela queda na demanda na China, um de seus maiores mercados.
Com o acordo fechado menos de dois meses após assumir o comando, De Meo desfaz uma das grandes apostas estratégicas de seu antecessor, François-Henri Pinault, cuja família continua controlando o conglomerado.
A Kering criou sua divisão de beleza em 2023, ao comprar a fabricante de perfumes Creed por 3,5 bilhões de euros, numa tentativa de diversificar as fontes de receita e reduzir a dependência da Gucci, responsável pela maior parte dos lucros do grupo.
A iniciativa, porém, não decolou: no primeiro semestre deste ano, a unidade registrou prejuízo operacional de 60 milhões de euros.
Enquanto isso, a receita da Gucci despencou 25% em relação ao mesmo período do ano anterior, aumentando a pressão sobre a Kering para cortar dívidas e evitar novos rebaixamentos de crédito.
Ao assumir a presidência em setembro, De Meo disse aos acionistas que planejava tomar “decisões difíceis” para sanear as finanças do grupo, incluindo a racionalização e reorganização de suas operações.
Para a L’Oréal, maior empresa de cosméticos e beleza do mundo, a aquisição consolida uma relação antiga com as marcas do grupo Pinault. Em 2008, a empresa já havia adquirido da Kering os direitos de produzir perfumes sob o rótulo Yves Saint Laurent, num negócio avaliado em 1,15 bilhão de euros.
O acordo pela Kering Beauty será a maior aquisição da história da L’Oréal, superando a compra da marca australiana Aesop por US$ 2,5 bilhões em 2023.
A L’Oréal, que afirmou ter “muitas oportunidades de aquisição” em análise neste ano, também foi procurada por representantes do Grupo Armani, segundo a Reuters. O conglomerado francês foi citado no testamento do estilista Giorgio Armani como um dos potenciais compradores de uma participação minoritária em sua casa de moda.





