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Foi-se o tempo em que os terninhos e sapatos sociais reinavam nos escritórios. O pós-pandemia declarou a morte do “dress code”, ou código de vestimenta. Agora, a regra é que cada um se vista como se sente confortável no ambiente corporativo.
Será mesmo? Conversei com especialistas para saber se o “look” que usamos no trabalho ainda importa para recrutadores, colegas e lideranças. Um resumo da resposta é: sim, continuam de olho no que você veste.
- “A roupa fala antes mesmo de qualquer palavra dita. Ter consciência do que suas escolhas de vestimenta comunicam demonstra entrosamento, boa leitura do ambiente e autocuidado”, analisa a consultora em estilo Laís Machado.
Mudanças. É verdade que o padrão de vestimenta no ambiente corporativo mudou nos últimos anos. Era comum ver todos de roupa social nos escritórios, uma vez que a formalidade costumava ser associada à seriedade profissional, detalha a mentora de carreiras Jaqueline Garutti.
Agora, dá para dizer que o “dress code” está mais solto. As áreas criativas ganharam mais espaço nas empresas e ser antenado nas tendências também pode ser um ponto positivo para a imagem de um funcionário.
No entanto, não dá para ir trabalhar sem se preocupar com a aparência —ela continua sendo o seu principal cartão de visitas.
- “Ambiente informal não significa usar tudo o que usaria no fim de semana. E ambiente formal não exige formalidades extremas, mas continua sendo um espaço de trabalho“, analisa a especialista em estilo.
Cuidado! O assunto aparência é delicado. Garutti alerta que asseio pessoal não significa roupas caras ou de marca, muito menos estilos ou penteados específicos. É sobre mostrar que você se importa com o lugar que ocupa naquela empresa.
Isto é: não caiu da cama e veio trabalhar, “capiche”?
Maria vai com as outras. A dica de ouro da mentora em carreiras é: siga a manada. No caso dos “looks”, o ideal é observar como a maioria das pessoas está se vestindo naquele ambiente.
Melhor ainda: veja como o CEO e as lideranças se vestem. Se a presidente da empresa está sempre de “tailleur”, por exemplo, você tem um bom indicativo de que a cultura do escritório tende à formalidade.
No entanto, se o seu chefe e o chefe dele vivem de camiseta, aí está: pode tirar as suas do armário.
“Olhe para a cadeira que você quer e saiba que você terá de se adequar a um padrão”, observa Garutti.
Gibi. Alguns padrões caíram na maioria das corporações. Tatuagens e piercings são melhor aceitos do que antes no mercado de trabalho. A repórter que vos escreve, por exemplo, é tatuada e tem um piercing no nariz.
Áreas mais descontraídas, como arte, moda ou música, não veem essas escolhas como negativas, pelo contrário, podem até demonstrar pertencimento.
Não são todos os setores, contudo, que lidam bem com esses acessórios. As áreas jurídica, da saúde e financeira estão entre as que mais resistem às novidades.
Em geral, quem se tatua ou usa acessórios descolados preza pela expressão da individualidade no estilo. Sobre isso, Garutti dá a letra: você quer mesmo estar em um ambiente que não valoriza a sua personalidade?
Manual de instruções. Pensando em todas as considerações, vamos te ajudar a montar o guarda-roupa profissional. As dicas a seguir são da consultora de estilo Laís Machado.
Invista na compra de peças em tons neutros, discretas e que reflitam o tom da empresa —que você descobriu com os macetes já revelados. É aconselhado evitar peças muito abertas, curtas ou justas.
Na hora de montar o look, pense:
- No perfil da empresa
- Na função que você desempenha: a liderança costuma ser mais cobrada acerca da vestimenta
- No seu estilo pessoal
Pergunte. É a outra dica de ouro das profissionais. Questione seus colegas, chefes e o RH sobre qual a cultura de vestimenta da companhia —eles podem te responder melhor do que ninguém.
Para encerrar o assunto, uma dica de Jaqueline Garutti que pode servir tanto para o look do trabalho quanto para qualquer outro aspecto da vida: perguntar elimina as alucinações.
‘Spoiler’: o que será do mercado em 2026
Há vagas, o problema é encontrar gente preparada para ocupá-las. É o que mostra uma análise da GPTW Brasil, responsável pelos selos e rankings “Great Place to Work”, a partir de um estudo sobre as tendências do mercado de trabalho para 2026.
A dificuldade para achar talentos fora da empresa pode, inclusive, acelerar promoções internas, segundo Daniela Diniz, diretora de comunicações da organização. Ela dá um spoiler do que deve mostrar a pesquisa anual que o grupo faz a partir das empresas que o contratam.
Liderança em falta. As empresas seguem buscando líderes, mesmo com o movimento recente de montar equipes mais complementares. Ainda assim, sobra para o gestor a tarefa de definir quem faz o quê no dia a dia.
“Vivemos um gargalo na liderança. Nunca tão pouca gente quis ser líder”, diz Diniz. Para ela, a resistência tem a ver com o pensamento das novas gerações —especialmente no pós-pandemia— que passaram a priorizar o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
IA como pré-requisito. A inteligência artificial continua no topo das habilidades técnicas mais desejadas pelas empresas. Mas, para fazer a engrenagem funcionar, o que elas querem mesmo é inteligência humana.
O avanço da automação ajuda no operacional e até como assistente pessoal, mas não substitui repertório, criticidade e relacionamento.





