segunda-feira, dezembro 1, 2025

Entenda bolha da IA e investimento de big tech em gráficos – 30/11/2025 – Tec

As maiores empresas de tecnologia investem cifras inéditas em inteligência artificial, as novas startups bilionárias trabalham com essa tecnologia, e os investidores se questionam: e se só houver espuma nessa onda? Caso os acionistas se convençam disso e tirem suas fichas de jogo, haverá o estouro de uma bolha.

Com esse questionamento parte de bancos, gestoras de investimento e órgãos multilaterais como o FMI (Fundo Monetário Internacional), os CEOs das big techs começaram a se pronunciar sobre o risco de uma quebradeira generalizada.

O presidente do Google, Sundar Pichai, disse que, embora a alta no investimento em IA “seja extraordinária”, há “alguma irracionalidade” no atual crescimento desenfreado. Ele tratou do tema em entrevista à BBC.

Entre os executivos de big techs, o discurso é de que as suas empresas têm tecnologia e caixa o suficiente para atravessar eventuais turbulências.

Entre ciclos do Vale do Silício, comenta-se que toda grande transição de infraestrutura envolve risco de crise financeira. Foi assim na construção de ferrovias nos EUA que culminou em um grande calote no ano de 1873, no início da economia digital e a bolha das ponto-com nos anos 2000. E pode ser assim com a construção de data centers para IA.

O FMI e o Banco da Inglaterra já alertaram países e investidores privados. “É preciso se proteger”, disse a presidente do FMI, Kristalina Georgieva.

EMPRESAS ASSUMEM RISCO PARA INVESTIR EM IA

Algumas empresas de tecnologia tomaram empréstimos bilionários a fim de lucrar com a expansão do mercado de IA.

O maior exemplo disso é a Oracle, que anunciou uma série de contratos para construir data centers avançados. Ao mesmo tempo, as ações da empresa apresentaram grandes movimentos ao longo do ano, em um indicativo do interesse do mercado financeiro.

Mesmo a empresa de referência do setor de IA generativa, a criadora do ChatGPT, OpenAI, opera no prejuízo. A startup está avaliada em US$ 500 bilhões, deve faturar US$ 13 bilhões em 2025 e quer investir cerca de US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos. A maior parte desse dinheiro vem da captação de capital de risco.

Hoje, a maioria das fichas de quem aposta no mercado financeiro já está na IA. No pico da bolha ponto-com, 17% do desempenho do índice da Bolsa de Nova York S&P 500 se devia às companhias do ramo —hoje, a fração dedicada à IA já passa de um terço.

O banco Morgan Stanley estima que o investimento no setor vai atingir quase US$ 3 trilhões (R$ 16 trilhões) entre este ano e 2028.

CIRCULARIDADE DOS ACORDOS

Analistas de mercado apontam que há uma circularidade nos investimentos no setor, algo típico de bolhas financeiras.

Funciona assim: a Nvidia, como anunciou em setembro, fecha o acordo para investir US$ 100 bilhões na OpenAI, que vai comprar GPUs da Nvidia. Ao mesmo tempo, a OpenAI tem contratos com empresas de nuvem, como a Microsoft e a Oracle, que também dependem de chips da Nvidia.

O cenário é um emaranhado de acordos que resulta em uma engenharia financeira complicada —e se uma das companhias no novelo tropeçar, aumenta o risco de criar problemas para as demais, em efeito cascata.

Esse sistema se formou porque as empresas de IA, sobretudo a OpenAI, foram bem-sucedidas em convencer o Vale do Silício de que precisam construir uma infraestrutura cada vez maior para seu desenvolvimento de produtos. É um modelo de ganho de escala.

Segundo Sam Altman disse nesta semana, o retorno sobre o investimento vai vir de tecnologias ainda em fase de desenvolvimento —em outubro, por exemplo, a OpenAI divulgou o lançamento de seu navegador.

BIG TECHS APONTAM GASTOS INÉDITOS

Mesmo os gigantes da tecnologia, que têm alta receita e poder de caixa, têm gastado em patamares nunca vistos. Só neste ano, Meta, Alphabet, Amazon e Microsoft devem dedicar a investimentos um valor entre US$ 350 bilhões e US$ 400 bilhões.

A corrida pelo domínio da tecnologia é a justificativa dada pelas big techs a bancos e investidores para os gastos terem mais do que dobrado nos últimos dois anos.

O principal destino desse gasto é a construção de complexos de processamento de dados, dedicados ao desenvolvimento de inteligência artificial. Como 60% do investimento inicial é para compra de supercomputadores, quem mais ganha nesse negócio é quem fornece as peças, a Nvidia.

Mesmo entre essas empresas há uma diferença essencial. Microsoft, Alphabet e Amazon capitalizam seus investimentos em data centers ofertando serviços em nuvem, enquanto a Meta continua dependente de anúncios de redes sociais.

PARTE DOS BANCOS DIZ QUE INVESTIMENTOS SÃO SÓLIDOS

Nem todo mundo concorda que há uma bolha no setor. Um relatório desta semana do Goldman Sachs foi na contramão do debate público: segundo o banco, a alta das ações de tecnologia tem “fundamentos sólidos” e a concentração de mercado, embora possa preocupar, não necessariamente resulta em crises.

Executivos de tecnologia, como Jeff Bezos, da Amazon, também têm dito que, mesmo que algumas empresas fracassem na corrida, haverá avanços tecnológicos duradouros e um legado para a sociedade —como na época da bolha ponto-com.

Outros falam que todo avanço tecnológico sofre acusações de ser uma bolha e que, no caso da IA, a liderança está nas mãos de empresas financeiramente saudáveis, que usam principalmente o próprio caixa e não assumem endividamento. Um estouro de bolha, segundo essa visão, teria um impacto limitado na economia como um todo.

GRANDES EMPRESAS AINDA ESPERAM GANHAR

CEOs de tecnologia dizem que, mesmo que alguns percam dinheiro, infraestrutura construída para IA vai gerar legado duradouro. Além disso, afirmam que a IA representará um grande quinhão da economia no futuro —quem investir, terá sua parte.

Parte dos investidores usa os resultados da Nvidia como um barômetro para a saúde do setor de IA.

O gigante dos chips demonstrou otimismo durante sua última apresentação de resultados em 20 de novembro. “Tem havido muita conversa sobre uma bolha de IA”, reconheceu o CEO Jensen Huang em uma teleconferência com analistas. “Do nosso ponto de vista, vemos algo muito diferente.”

O CEO da Nvidia disse que a empresa tem mais de US$ 500 bilhões de receita chegando nos próximos trimestres. Proprietários de grandes data centers continuarão a gastar em novos equipamentos porque os investimentos em IA começaram a dar retorno, disse ele.

O papel crescente da IA ajudará a manter a demanda pelos produtos da Nvidia, disse Huang. A tecnologia está ajudando a melhorar os serviços das big techs, como as buscas do Google, e está prestes a chegar ao mundo físico na forma de robôs e outros dispositivos.

Autor Original

Destaques da Semana

Temas

Artigos Relacionados

Categorias mais Procuradas

spot_imgspot_img