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Parte dos mortos na operação Contenção, que ocorreu na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, é oriunda de estados como Pará, Bahia, Amazonas, Ceará e Espírito Santo. Algumas famílias desses lugares ainda não conseguiram chegar ao Rio de Janeiro para realizar o reconhecimento dos corpos.
Parte delas deve chegar ao Rio ainda sem saber se os parentes estão mortos. Como esses familiares não conhecem ninguém nas comunidades cariocas, não há intermediários para fazer o reconhecimento extraoficial do corpo.
Investigações da Polícia Civil e da Promotoria do Rio de Janeiro apontam que a Penha e o Alemão se tornaram locais de esconderijo de traficantes foragidos de outros estados. Segundo policiais, parte dos que foram encurralados na mata era de fora do conjunto de favelas. A informação também é dada por moradores que participaram da retirada dos corpos.
No Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e no IML (Instituto Médico Legal), espaços destacados para cadastro das famílias e reconhecimento dos corpos no centro do Rio, algumas famílias de outros estados encontram dificuldade pela falta de documentos.
A Defensoria Pública do Rio tem um atendimento ajudar no cadastro desses parentes. O órgão oferece auxílio para a gratuidade do sepultamento e alvará para translado das pessoas mortas para seus estados de origem.
Uma mulher nascida em Belém e moradora do Rio há dois meses, afirmou à Folha que pelo menos seis famílias saíram da capital paraense na quarta-feira (29) e ainda não chegaram.
Nesta quinta (30) o secretário de Segurança Pública Victor Santos afirmou que uma das dificuldades de identificação dos mortos vem do fato de que muitos são de outros estados.
“Havia 30 mandados de prisão do Pará: dos 30, cinco foram presos, 15 foram neutralizados e ainda restam 10. Dentro do que contexto do que se esperava, a operação foi bastante exitosa”, afirmou ele.
Um grupo de seis familiares saiu de carro de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. Até o início da tarde desta quinta-feira (30) eles ainda não conseguiram reconhecer o corpo.
O clima no segundo dia de espera no IML é de impaciência. Ao menos 70 pessoas aguardam no Detran para dar continuidade aos trâmites. Há casos de pessoas que estiveram no IML na quarta, voltaram na quinta e não conseguiram ainda fazer o reconhecimento. Há também familiares que estão na porta do instituto sem saber se o parente está vivo ou morto.
O processo no IML é feito através de senhas: as famílias se cadastram, informam dados pessoais e características —se os mortos tinham marcas de nascença ou tatuagens, por exemplo —, e então aguardam o contato por telefone dos policiais civis que os levam para reconhecer os corpos. Depois disso, ainda é preciso fazer a expedição da certidão de óbito. Só então eles são liberados para o enterro.
Até a noite de quarta mais de 80 corpos haviam passado por necropsia, segundo a Polícia Civil, e seis foram liberados.





