O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicou que a taxa básica de juros no Brasil deve continuar elevada na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), daqui a uma semana, reforçando que a política monetária deve seguir mais restritiva por um período “bastante prolongado”. Ele afirmou que a autarquia mantém a mesma orientação há meses e que essa contagem “não zera a cada reunião”, abrindo espaço para a continuidade do juro em 15% ao ano.
A atuação de Galípolo, ora elogiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados, passou a ser fortemente criticada pela manutenção da Selic em um patamar considerado alto e que restringe os investimentos no Brasil. Ao indicá-lo para o comando do Banco Central, o petista contava que poderia ter um aliado para flexibilizar a política monetária mais restritiva imposta pelo seu antecessor, Roberto Campos Neto.
“Você está falando assim: o ‘bastante prolongado’, já faz algum tempo que o ‘bastante’ está ali, então você está considerando que faz algum tempo, é isso mesmo. O ‘bastante’, não é que ele zera a cada nova reunião que a gente escreve, ele não zera a cada reunião”, disse Galípolo nesta segunda (1º) em um evento voltado a investidores, em São Paulo.
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Gabriel Galípolo disse que ainda não há qualquer definição sobre o próximo passo do Copom na reunião dos dias 9 e 10 de dezembro, destacando que qualquer decisão depende da análise dos dados que chegam a cada encontro. Ele reforçou que o processo de convergência da inflação à meta de 3% avança de forma lenta, o que exige do Banco Central uma postura firme e conservadora.
“A gente entende que o processo de convergência está sendo lento. Mas não sei se temos a necessidade ou obrigação de criar algum tipo de código na comunicação que vá telegrafar quando o BC vai fazer algo”, pontuou.
O ciclo atual de juros restritivos começou em junho, quando o Banco Central elevou a Selic a 15% ao ano e passou a defender a manutenção desse nível por um período prolongado. Em julho e setembro, o Copom manteve a taxa inalterada, avaliando se o patamar de 15% seria suficiente para trazer a inflação ao centro da meta.
Em novembro, a decisão foi novamente de manter a Selic em 15%, desta vez com maior convicção de que esse nível é adequado para cumprir o objetivo estabelecido. A autarquia então reforçou a necessidade de “manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado”, sinalizando que a estratégia deve se manter.
“Se você não sabe muito bem o que está acontecendo, tem alguma dúvida, o papel do BC é ser mais conservador”, completou o presidente do Banco Central.
Ainda durante o evento a investidores, Galípolo alertou que indicadores de emprego e atividade econômica apontam para um mercado aquecido, o que exige prudência na condução da política monetária.
Especialistas do mercado financeiro afirmaram, no Boletim Focus desta semana, que projetam a inflação em 4,43% neste ano, apenas 0,07 ponto percentual abaixo do teto da meta de 4,5%. Já a Selic, a previsão é de que continue em 15% neste final de ano.




