segunda-feira, dezembro 1, 2025

Lula defende combater ‘privilégio de poucos’ em pronunciamento

Na noite deste domingo (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento em rede nacional no qual repetiu a estratégia de atingir as camadas de menor renda da população e criar uma espécie de luta de classes.

Com tom de campanha a menos de um ano das eleições de 2026, e com forte apelo popular, o presidente afirmou que os recursos para compensar a perda de arrecadação virão da criação de um imposto mínimo para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês, o que representaria 0,1% da população.

O principal tema da fala foi a recente sanção do governo do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda. A medida isenta quem ganha até R$ 5 mil por mês e reduz a alíquota de contribuintes com rendas entre R$ 5 mil e R$ 7.350.

Lula apresentou a iniciativa como uma correção de distorções históricas e afirmou que a elite brasileira paga menos imposto que trabalhadores comuns, como professores e policiais.

“Ao longo de 500 anos de história, a elite brasileira acumulou mais e mais privilégios, que foram passados de geração em geração até a chegada ao dia de hoje. Entre os muitos privilégios, talvez o mais vergonhoso seja o de pagar menos imposto de renda do que a classe média e os trabalhadores”, disse Lula no pronunciamento.

“Quem vive do suor do seu trabalho e constrói de fato a riqueza deste país paga até 27,5% de imposto de renda. Já quem vive de renda paga apenas 2,5% em média”, complementou.

O presidente Lula terminou o pronunciamento nacional afirmando que seu governo seguirá “firme, combatendo os privilégios de poucos para defender os direitos e oportunidades de muitos. O nosso governo está do lado do povo brasileiro construir um país mais próspero e mais forte”.

Projeto de lei sancionado pelo governo isenta Imposto de Renda de ganhos até R$ 5 mil

A proposta sancionada por Lula amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês. A medida, aprovada por unanimidade na Câmara e no Senado, deve beneficiar cerca de 20 milhões de brasileiros. Outros cinco milhões terão alíquotas reduzidas para rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7.350. A nova tabela começa a valer a partir de janeiro de 2026.

Para compensar a renúncia fiscal, o governo estabeleceu a criação de um imposto mínimo sobre a renda de pessoas que recebem acima de R$ 50 mil mensais, faixa que compreende cerca de 140 mil contribuintes. A cobrança será progressiva, começando em 0% e chegando a 10% para quem ganha mais de R$ 100 mil. Segundo o Planalto, quem já paga esse valor ou mais não será afetado pela mudança.

A medida foi tratada como prioridade pelo Executivo em ano pré-eleitoral. Apesar de ter sido aprovada com apoio unânime no Congresso, a sanção foi marcada pela ausência dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que estão em crise com o Palácio do Planalto. Ainda assim, Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizaram a tensão e destacaram a atuação “diligente” do Legislativo para viabilizar a nova lei.

Confira a íntegra do discurso:

Minhas amigas e meus amigos, o Brasil mudou nessa última semana. Pela primeira vez, mais de 100 anos após o início do Imposto de Renda, o privilégio de uma pequena elite financeira deu lugar à conquista para a maioria do povo brasileiro. Na última quarta-feira, dia 26 de novembro, assinei a lei que acaba com o imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês, uma proposta do nosso governo que foi aprovada pela Câmara e pelo Senado por unanimidade e que agora passa a valer já em janeiro de 2026. Se você ganha até R$ 5.000 por mês, dezembro será o último mês que você terá desconto do imposto de renda no contracheque.

Essa mesma lei reduz o imposto de quem recebe entre R$ 5.000 e R$ 7.350, que agora vai pagar menos do que pagava. Com zero de imposto de renda, uma pessoa com salário de R$ 4.800 pode fazer uma economia de R$ 4.000 em um ano. É quase um décimo quarto salário. E o mais importante: a compensação não virá de corte na educação ou na saúde, mas da taxação dos super ricos, que ganham mais de 1 milhão por ano e hoje não pagam nada ou quase nada de imposto. Estamos falando de 0,1% da população, de gente que ganha 10, 20, 100 vezes mais do que 99% do povo brasileiro e que vai contribuir com 10% do imposto sobre a renda para dar um alívio às famílias que trabalham, lutam e movem este país.

140 mil super ricos, pagando um pouco mais para que muitos milhões de brasileiros e brasileiras deixem de pagar. Mais do que uma correção da tabela do Imposto de Renda, a nova lei ataca a principal causa da desigualdade no Brasil: a chamada injustiça tributária. Minhas amigas e meus amigos, ao longo de 500 anos de história, a elite brasileira acumulou mais e mais privilégios, que foram passados de geração em geração até a chegada ao dia de hoje. Entre os muitos privilégios, talvez o mais vergonhoso seja o de pagar menos imposto de renda do que a classe média e os trabalhadores. Quem vive do suor do seu trabalho e constrói de fato a riqueza deste país paga até 27,5% de imposto de renda; já quem vive de renda paga apenas 2,5% em média.

Quem mora em mansão, tem dinheiro no exterior, coleciona carros importados, jatinhos particulares e jet skis paga dez vezes menos do que uma professora, um policial ou uma enfermeira. Imagina uma pessoa lutar para ter uma moradia digna, andar de ônibus, se esforçar para comprar um carro e pagar dez vezes mais imposto de renda do que os bilionários do nosso país. Isso é inaceitável. Era preciso mudar, e nós estamos mudando. Minhas amigas e meus amigos, a partir de janeiro do ano que vem, o que hoje é desconto no contracheque vira dinheiro extra no bolso: para viajar com a família, comer o que mais gosta, comprar presente de Natal para os filhos, quitar uma dívida, adiantar uma prestação, comprar uma televisão com tela maior para ver a Copa do Mundo ano que vem.

Esse alívio no Imposto de Renda significa mais dinheiro no bolso, que significa maior poder de compra, que significa aumento no consumo, que faz a roda da economia girar. A Receita Federal fez os cálculos: em 2026, esse dinheiro extra nas mãos do povo brasileiro deve injetar 28 bilhões de reais na economia. Um estímulo extraordinário para o comércio, para a indústria, o setor de serviços e o empreendedorismo, que vai gerar mais emprego, mais oportunidades e mais renda. O país inteiro vai ser beneficiado. Minhas amigas e meus amigos, em menos de três anos de governo colocamos novamente o Brasil entre as dez maiores economias do mundo. Tiramos pela segunda vez o país do mapa da fome.

Teremos, em quatro anos, a menor inflação acumulada da história e a menor taxa de desemprego. O salário mínimo voltou a subir acima da inflação. Fortalecemos o Bolsa Família, criamos o Pé-de-Meia, reajustamos o valor da alimentação escolar, abrimos as portas das universidades para a juventude negra, indígena e das periferias. Aumentamos o Plano Safra e os recursos para a agricultura familiar. Criamos o programa Luz do Povo, que zera ou reduz a conta de luz das famílias mais necessitadas, e lançamos o Gás do Povo, porque não é justo que as famílias que mais precisam paguem até 10% do salário mínimo por um botijão de gás.

Graças a essas e outras políticas, a desigualdade no Brasil é hoje a menor da história. Mesmo assim, o Brasil continua a ser um dos países mais desiguais do mundo. O 1% mais rico acumula 63% da riqueza do país, enquanto a metade mais pobre da população detém apenas 2% da riqueza. É riqueza demais concentrada nas mãos de uma pequena parcela de super ricos. A mudança no imposto de renda é um passo decisivo para transformar essa realidade, mas é apenas o primeiro. Podem ter certeza de que não vamos parar por aí. O que nós queremos é que a população brasileira tenha direito à riqueza que produz com o suor do seu trabalho. Seguiremos firmes, combatendo os privilégios de poucos para defender os direitos e as oportunidades de muitos. O nosso governo está do lado do povo brasileiro, construindo um país mais próspero, mais forte e, principalmente, um país mais justo. Muito obrigado.

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