As viagens internacionais de ministros e procuradores do TCU, acompanhados de assessores, somaram R$ 8,3 milhões até outubro. A maior parte, R$ 4,8 milhões, foi gasta com diárias. As passagens custaram outros R$ 3,4 milhões. As 13 viagens do presidente, Vital do Rêgo, somaram R$ 1,6 milhão. Ele passou 110 dias no exterior. O ministro Aroldo Cedraz gastou R$ 1 milhão; o ministro Benjamin Zymler, mais R$ 978 mil.
O ex-presidente Bruno Dantas gastou R$ 303 mil em uma única viagem. Ele representou o TCU no Fórum Anticorrupção, em Paris, e participou de reunião da Instituição de Controle em Thimpu (Butão) — país do Sudeste Asiático, entre China e Índia. Ele foi assessorado pela auditora federal Elaine Dantas. Foram gastos R$ 157 mil com passagens e R$ 146 mil com 27 diárias. Só a despesa do ministro chegou a R$ 93 mil com passagens e R$ 78 mil com diárias.
O ministro Walton Alencar gastou R$ 189 mil em reuniões técnicas do Conselho de Auditores da ONU. Foram R$ 54 mil em passagens e R$ 135 mil em 23 diárias — o equivalente a 89 salários mínimos.
Intérprete em Paris
Em janeiro, em Paris, Vital do Rêgo participou do Conselho de Presidentes das Instituições Superiores de Controle (ISC) e teve “compromisso” com o embaixador do Brasil na França. As despesas com passagens e diárias do presidente e de dois assessores somaram R$ 191 mil. O TCU autorizou mais R$ 24 mil para a contratação de intérprete e de serviços de cabine de tradução, para atender ao presidente Vital do Rêgo e sua equipe em Paris.
Em fevereiro, o presidente esteve na cerimônia de aniversário da ISC da Polônia e em reunião com a Secretaria-Geral da Instituição de Controle, em Viena, acompanhado de um oficial de gabinete. A viagem ficou em R$ 130 mil. Em março, participou de reuniões com instituições de controle em Bucareste (Romênia) e Oslo (Noruega), acompanhado de dois assessores. Mais R$ 243 mil na conta do contribuinte. Em abril, com dois assessores, o presidente viajou a Paris para reunião com a embaixadora do Brasil junto à Unesco e para visita técnica à Agência Internacional de Energia. Mais R$ 162 mil na conta.
Em maio, Vital do Rêgo voou para Nova York, acompanhado de um oficial de gabinete, para conferências na Brazil Week. A despesa ficou em R$ 133 mil. Em julho, voltou a Nova York, com dois assessores, para Sessão Regular do Conselho de Auditores da ONU e reunião técnica com o Consulado-Geral do Brasil. A conta chegou a R$ 197 mil.
Outras despesas pesadas
Os ministros Vital do Rêgo e Bruno Dantas se encontraram no Fórum Mundial da Alimentação, em meados de outubro, em Roma. Contando os assessores do tribunal, as despesas chegaram a R$ 267 mil, sendo R$ 151 mil com diárias. Ninguém passou fome. O presidente Lula também esteve por lá e discursou na cerimônia de abertura do evento.
O ministro Jorge Antônio de Oliveira, acompanhado de um auditor, esteve no Fórum de Pronunciamentos Profissionais da Intosai, em Nova Déli, em maio. A despesa total chegou a R$ 216 mil. Cada passagem custou R$ 66 mil.
O ministro Benjamin Zymler, acompanhado por um auditor, esteve na Assembleia Geral da Organização das Instituições Superiores de Controle da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Luanda (Angola). A viagem custou R$ 170 mil. Só as diárias custaram R$ 106 mil.
Tribunal justifica contas das viagens
A Assessoria do TCU afirmou ao blog que o Tribunal faz parte da Organização das Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai), que “reúne 195 países e atua no fortalecimento da fiscalização de recursos públicos em âmbito global. O TCU presidiu essa instituição até outubro de 2025 e continua a ser um importante ator nas discussões no âmbito da entidade”.
Paralelamente, o TCU assumiu posição no Conselho de Auditores da ONU, em Nova York (EUA), para um mandato de seis anos, “com a responsabilidade de atuar na supervisão financeira e na auditoria das atividades da ONU, garantindo que seus recursos sejam usados de forma eficiente, transparente e responsável”.
“Para citar exemplos recentes, equipes do TCU realizaram fiscalizações em missões de paz da ONU no Líbano, Kosovo e Chipre. Atualmente, está em andamento uma auditoria em ações do Unicdf em prol de crianças em situação de risco, em quatro escritórios — em Nova York, Brasília, Malawi e Etiópia”.
“As viagens das autoridades do TCU se dão de forma condizente com esse contexto de intensa cooperação técnica internacional, que exige o comparecimento a dezenas de compromissos em diversos países. Os valores, destinos e compromissos estão disponibilizados no Portal de Transparência do TCU”, concluiu a Assessoria do Tribunal.
