O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) reconheceu nesta quarta-feira (26) o ofício de tacacazeira como patrimônio cultural do Brasil.
O Iphan começou em 2024 um projeto de pesquisa e documentação sobre os saberes e fazeres associados ao tacacá nas capitais de sete estados da região Norte.
O trabalho foi realizado em parceria com uma equipe da Universidade Federal do Oeste do Pará. As trabalhadoras foram ouvidas e se manifestaram de forma favorável à inclusão do ofício na lista de patrimônio cultural.
Segundo o instituto, o reconhecimento destaca a “importância das mulheres amazônicas na preservação de saberes ancestrais ligados à culinária regional.”
Prato conhecido da amazônia, o tacacá é feito com tucupi e goma (derivados da mandioca), camarão seco, jambu e temperos, fruto da integração de práticas agrícolas, saberes tradicionais e técnicas culinárias, entre outras práticas.
“Com suas barracas, quiosques e carrinhos espalhados pela cidade, integram a paisagem urbana, acompanhando o ritmo de seu desenvolvimento histórico e econômico”, diz trecho de parecer técnico do Iphan.
“Detentoras de saberes e segredos, elas dão continuidade não apenas aos modos de fazer um elaborado prato, mas a formas de sociabilidade características das cidades, suas ruas e sua população. Na condição de herdeiras de um conhecimento em certa medida exclusivo, as tacacazeiras cumprem ainda o papel fundamental de ensinar às gerações mais novas, uma das vias pela qual se dá a continuidade também dessa prática”.
Segundo o documento, o consumo do tacacá por povos indígenas na amazônia começou no século 18, de acordo com registros feitos por viajantes e cronistas que passaram pela região.
A comercialização do alimento foi consolidada entre o final do século 19 e o começo do século 20, em um processo ligado à expansão urbana das cidades amazônicas.
Crises econômicas e escassez de postos de trabalho levaram mulheres a vender alimentos nas ruas como estratégia de sobrevivência.





