O prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, conhecido por divergir de seu partido e receber críticas internas, disse que a Operação Contenção, no Rio de Janeiro, “só matou otário”. A declaração ocorreu nesta terça-feira (2), durante um seminário do partido sobre segurança pública na capital fluminense.
“Ou a gente entra nesses territórios para mudar a prática e a vida do território e libertar a vida do povo. Se a gente não faz isso, ninguém o fará. É óbvio que a polícia do Rio, o Bope, só matou ali otário, vagabundo, bandido. Eu perguntei: ‘Tem trabalhador aí?’. Não. Tudo bandido”, disse o vice-presidente nacional do PT.
A fala terminou com a plateia petista gritando que Quaquá mentia em sua declaração. Ele rebateu: “Você vai ouvir eu falar ou vai ficar berrando? Então, era tudo bandido. Eu ouço bobagens à vontade. Espero que na democracia se ouça as bobagens dos outros. Eu ouço a de vocês, valeu? E depois querem dizer que são de esquerda e democráticos, mas só ouvem a própria opinião.”
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Posicionamento de vice-presidente do PT não é novidade
Quaquá já havia se manifestado favoravelmente à operação em outras ocasiões. Após o evento, ele falou com jornalistas, dizendo que “a operação foi malsucedida não é pelo número de mortos”, mas por não ter ocupado o local. “O Complexo da Penha tem mais de 1.000 soldados do tráfico. Então, se fosse para matar, tinha que matar 1.000 soldados”, complementou o vice-presidente petista.
A Operação Contenção foi realizada no dia 28 de outubro e terminou com 122 mortos, incluindo cinco policiais, além de 113 prisões e mais de cem armas apreendidas. A esquerda passou a classificar o ocorrido como “massacre”. No Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes chegou a visitar o Rio de Janeiro para uma reunião com o governador do estado, Cláudio Castro (PL). No âmbito da ADPF das Favelas (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 635), Moraes tem cobrado esclarecimentos sobre a letalidade policial, amparado por pedidos do PSOL e de movimentos de esquerda.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o diretório nacional do PT e o espaço segue aberto para manifestação.




