terça-feira, dezembro 2, 2025

Queda nas vendas no segundo semestre assusta montadoras – 01/12/2025 – Eduardo Sodré

As vendas de veículos leves e pesados registraram queda em novembro, o que deve comprometer o resultado esperado para 2025. Foram emplacadas 253,5 mil unidades no último mês, uma queda de 10,7% na comparação com outubro, segundo dados baseados no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).

Em relação a novembro de 2024, a queda é de 8,2%. Os resultados puxaram para baixo o crescimento no acumulado do ano, que agora está em 1,1% —até outubro, a alta era de 2,2%. Mas esse não é o índice que mais preocupa. O problema maior está na desaceleração no segundo semestre.

Entre julho e novembro, foram comercializados 1,21 milhão de veículos no Brasil, uma retração de 2,3% na comparação com o mesmo período de 2024. Representantes da indústria já demonstram preocupação com dezembro, que historicamente é o mês mais forte de vendas no ano.

A queda é atribuída principalmente ao impacto da Selic (taxa básica de juros do país) sobre o custo do crédito e ao orçamento das famílias.

Dados da Peic, pesquisa sobre endividamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), mostrou que o percentual de famílias que possuíam contas em atraso alcançou 30,5% em setembro, o maior valor da série histórica.

Em agosto, a Anfavea (associação das montadoras) revisou as perspectivas para o ano. A entidade projetou um crescimento de 5% nas vendas, sendo que o número divulgado anteriormente previa uma alta de 6,5%. Agora, há o receio de o ano fechar no mesmo patamar de 2024 ou, no pior cenário, registrar queda.

A retração no mercado de veículos novos ocorre em meio à alta geral nos parcelamentos. Segundo dados da B3, a Bolsa de Valores do Brasil e operadora do SNG (Sistema Nacional de Gravames), foram financiadas 697 mil unidades em outubro, o maior volume para o mês desde 2007.

Entretanto, o dado reúne também as motocicletas e os carros usados, que são os principais responsáveis pelo resultado.

Entre as montadoras associadas à Anfavea, a preocupação está na perda de participação de mercado em meio à chegada das concorrentes chinesas. A General Motors, por exemplo, registrou uma queda de 13,2% nas vendas entre janeiro e outubro em comparação com o mesmo período de 2024. Os dados são da Fenabrave (associação que reúne os distribuidores de veículos).

No caso da GM, o período sem grandes lançamentos é uma das justificativas para o resultado. Espera-se pela retomada em 2026, com a chegada do SUV compacto Chevrolet Sonic.

Todas as montadoras aguardam por melhores condições de crédito. É esperado ainda que a implementação do IPI Verde, que entrou em prática em novembro, ajude a melhorar a rentabilidade e a diminuir um pouco os preços praticados no varejo.


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