A questão: os umidificadores podem ajudar a prevenir a propagação de vírus que causam resfriados, gripe e outras doenças?
A ciência diz que, embora você possa ficar doente em qualquer época do ano, o inverno é a temporada de pico para germes como o coronavírus, influenza e VSR (Vírus Sincicial Respiratório).
Os meses mais frios são particularmente de alto risco porque familiares e amigos se reúnem em espaços com menos ventilação, o que pode significar mais oportunidades de exposição quando as pessoas tossem ou espirram gotículas carregadas de vírus no ar. Nos meses mais frios, o ar também é mais seco, o que é um problema.
Quando o ar está seco, tipicamente abaixo de 30% de umidade relativa, as gotículas respiratórias contendo vírus evaporam rapidamente, permitindo que os vírus permaneçam flutuando e viáveis por mais tempo. Mas quando o ar está úmido, as gotículas pesam os vírus para que eles caiam nas superfícies mais rapidamente, diz Akiko Iwasaki, professora de imunobiologia da Universidade Yale.
“Pense na umidade como um cobertor pesado que traz poluentes e contaminantes para o nível do solo. Quando o ar está seco, partículas infecciosas podem ficar suspensas mais alto no ambiente —mais próximas do nível de nossas narinas, bocas e até mãos para uma pessoa em pé”, afirma Amy Brown, pneumologista pediátrica e professora assistente de pediatria na Faculdade de Medicina do New York Medical College.
A umidade relativa, ou seja, a quantidade de vapor de água no ar comparada com a quantidade que ele pode conter, deve estar entre 30 e 50% em ambientes internos, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental. Brown, especialista em asma, recomenda uma faixa de umidade mais estreita, entre 35 e 45%, particularmente para aqueles que têm condições pulmonares crônicas.
Os purificadores de ar podem ajudar a combater vírus porque os removem ativamente. Mas um estudo recente sobre o uso de purificadores de ar com filtro de partículas de alta eficiência (Hepa) em salas de aula descobriu que os dispositivos reduziram o número de vírus no ar, mas não a quantidade total. É por isso que uma abordagem multissistêmica, incluindo umidificadores, pode ser uma boa ideia, sugerem algumas pesquisas.
Os autores do estudo observaram que uma umidade relativa mais alta, especialmente acima de 40%, estava associada a uma menor exposição viral, sugerindo que aumentar a umidade pode ajudar.
“Não existe uma única solução milagrosa para prevenir exposições virais em salas de aula do ensino fundamental, mas você pode sobrepor várias intervenções diferentes, e acho que a umidade é uma alavanca que realmente não recebeu muita atenção”, diz Peggy S. Lai, professora associada de medicina no Hospital Geral de Massachusetts e investigadora sênior do estudo.
Em uma pequena pesquisa de 2018, salas de aula pré-escolares sem umidificador tiveram mais que o dobro de doenças semelhantes à gripe do que aquelas com umidificador. No entanto, o estudo não foi conclusivo o suficiente para recomendar o uso de umidificadores para reduzir o risco de propagação de patógenos transportados pelo ar, diz Linsey Marr, professora de engenharia civil e ambiental da UniverVirginia Tech, que não esteve envolvida na pesquisa.
Além da qualidade do ar, o ar muito seco pode comprometer uma das defesas do corpo contra germes. A membrana mucosa que reveste nossas cavidades nasais e vias aéreas mais profundas captura patógenos para que o sistema imunológico possa removê-los antes que invadam nossas células. O ar seco pode comprometer esse revestimento protetor.
Embora a baixa umidade possa ser problemática, a alta umidade também pode ser, por estimular o crescimento de certas bactérias, mofo e bolor e ácaros de poeira. Especialistas alertam contra o aumento da umidade além das recomendações padrão.
“Embora existam situações que não podemos controlar imediatamente relacionadas à qualidade do ar externo, podemos ser proativos para garantir a qualidade ideal do ar interno”, diz Brown. “Isso inclui otimizar a ventilação, filtração e garantir uma umidade relativa ideal.”
O que mais você deve saber
Se você planeja usar um umidificador, considere estas dicas:
Decida qual tipo de umidificador é melhor para você. Umidificadores de névoa fria liberam umidade em temperatura ambiente no ar e, por isso, são considerados mais seguros para uso perto de crianças. Umidificadores de névoa quente fervem a água para criar o vapor liberado no ar, mas representam um risco de queimaduras.
Alguns umidificadores de névoa fria permitem o crescimento ou acúmulo de microrganismos e minerais que podem ser dispersos de seus tanques de água para o ar, representando um risco à saúde para algumas pessoas.
Considere usar água destilada. Água com baixo teor de minerais pode evitar o acúmulo de minerais na máquina e sua dispersão no ar.
Limpe o umidificador regularmente. Esvazie o tanque e limpe-o com uma escova pelo menos a cada três dias. Bactérias e fungos frequentemente crescem em uma película dentro do tanque (e os minerais tendem a se acumular), e respirar isso pode causar problemas pulmonares para algumas pessoas, de acordo com a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo.
Monitore os níveis de umidade interna. Use um umidificador apenas quando necessário, como quando a umidade relativa interna estiver abaixo de 30%, e nunca o use quando a umidade estiver acima de 50%.
